domingo, 18 de dezembro de 2011


FORA DA VERDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Fora da verdade não há salvação seria o equivalente de: Fora da Igreja não há salvação, e também exclusivista, porque não há uma só seita que não pretenda ter o privilégio da verdade. Qual é o homem que pode se gabar de possuí-la inteiramente, quando o círculo dos conhecimentos aumenta se cessar, e as ideias se retificam a cada dia? A verdade absoluta não pertence senão aos Espíritos de ordem mais elevada, e a Humanidade terrestre não poderia pretendê-la, porque não lhe é dado tudo saber; ela não pode aspirar senão uma verdade relativa e proporcional ao seu adiantamento. Se Deus houvesse feito da posse da verdade absoluta, a condição expressa da felicidade futura, isso seria uma sentença de proscrição geral; enquanto que a caridade, mesmo na sua acepção mais ampla, pode ser praticada por todos. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que a salvação independe da crença, conquanto que se observe a lei de Deus, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação, máxima que dividiria em lugar de unir, e perpetuaria o antagonismo.

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap XV:9

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


O homem no mundo


      10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar. Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.
      Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo dalma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

      A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)

      Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa. Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap XVII:10

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


O PONTO DE VISTA DA SANIDADE

A psicologia budista se baseia na ideia de que os seres humanos são fundamentalmente bons. Suas qualidades mais essenciais são positivas: a abertura, inteligência e cordialidade. Esse ponto de vista tem, é claro, suas expressões filosóficas e psicológicas em conceitos como bodhichitta (mente desperta) e tathagatarbha (local de nascimento dos iluminados). Mas essa ideia tem sua origem, em última análise, na experiência – a experiência da bondade e da dignidade em si mesmo e nos outros. Entender isso é fundamental e é a inspiração básica da prática e da psicologia budistas.

Como vim de uma tradição que dá ênfase à bondade humana, foi uma espécie de choque para mim quando descobri a tradição ocidental do pecado original. Quando estava na Universidade de Oxford estudei as tradições religiosas e filosóficas ocidentais com muito interesse, e a noção de pecado original me pareceu prevalente. Uma de minhas primeiras experiências na Inglaterra foi participar de um seminário como arcebispo Antony Blum. O seminário era sobre a noção de graça, e entramos numa discussão sobre o pecado original. A tradição budista não considera essa noção necessária em absoluto, e eu expressei esse ponto de vista. Fiquei surpreso com o quanto os participantes ocidentais se irritaram. Mesmo os ortodoxos, que talvez não enfatizem o pecado original tanto quanto as tradições ocidentais, têm esse conceito como uma pedra angular de sua teologia.

No quando desta nossa discussão, parece que a noção de pecado original não apenas permeia as ideias religiosas ocidentais como, na verdade, parece estar presente em todo o pensamento ocidental, especialmente no psicológico. Parece existir, tanto entre os pacientes quanto entre os teóricos e terapeutas, uma grande preocupação com a ideia de algum erro original que seja causa do sofrimento posterior – uma espécie de punição por esse erro. Descobre-se que há uma noção de culpa ou chaga que é predominante. Acreditem realmente ou não na ideia de pecado original – ou mesmo em Deus -, as pessoas parecem verdadeiramente acreditar que fizeram algo de errado no passado e agora estão sendo punidas por isso.

Parece que esse sentimento se culpa fundamental vem sendo transmitido de uma geração para a outra e permeia vários aspectos da vida ocidental. Os professores, por exemplo, frequentemente pensam que, se as crianças não se sentirem culpadas, não vão estudar com propriedade e por isso não vão se desenvolver como deveriam. Com isso, muitos professores acreditam que precisam exercer alguma pressão sobre as crianças, e a culpa parece ser uma das principais técnicas adotadas. Isso acontece até mesmo no nível em que se procura melhorar o desempenho na leitura ou na redação. O professor procura pelos erros: “Veja, você cometeu um erro. O que você vai fazer quanto a isso?”. Do ponto de vista da criança, aprender se torna algo baseado em não cometer erros, em tentar provar que, na verdade, você não é mau. É inteiramente diferente quando você a criança de modo mais positivo: “Veja o quanto você já melhorou, agora podemos ir ainda mais além”. Nesse último caso, o aprendizado se torna uma expressão de nossa sanidade e de nossa inteligência inata.

O problema com essa noção de pecado ou erro original é que ela funciona praticamente como um obstáculo para as pessoas. É claro que em algum momento é necessário percebermos nossas próprias deficiências. Mas, quando vamos longe demais, isso elimina qualquer inspiração e destrói também nossa visão. Desse modo, aquela noção não é muito útil, e na verdade parece desnecessária. Como já mencionei, no budismo não há ideias comparáveis à noção de pecado e culpa. É claro que existe a ideia de que se deve evitar erros. Mas não há nada que seja comparável ao peso e à inexorabilidade do pecado original.

De acordo com a perspectiva budista, os problemas existem, mas são impurezas temporárias e superficiais que encobrem nossa bondade fundamental (tathagatagarbha). É um ponto de vista positivo e otimista. Mas é preciso salientar mais uma vez que não é um ponto de vista puramente conceitual. Baseia-se na experiência da meditação e da sanidade que ela promove. Existem padrões neuróticos habituais temporários que se desenvolvem com base nas experiências passadas, mas é possível enxergar o que há por trás deles. É exatamente o que se estuda no abhidharma: como uma coisa sucede a outra, como a ação volitiva se origina e se perpetua, como as coisas de desencadeiam e crescem como uma bola de neve. E acima de tudo, o abhidharma estuda como esse processo pode ser superado pela prática da meditação.

A atitude resultante da concepção e da prática budistas é bem diferente da “mentalidade do erro”. Vivencia-se a mente como algo essencialmente puro, ou seja, saudável e positivo, e os “problemas” como imperfeições temporárias e superficiais. Esse ponto de vista não significa exatamente “livrar-se” dos problemas, mas mudar de foco. Os problemas são vistos no contexto muito mais amplo da saúde: começamos a deixar de nos apegar a nossas neuroses e a superar nossa obsessão e identificação com elas. A ênfase não está mais no problema em si, mas na base da experiência, pelo dar-se conta da natureza da mente em si mesma. Quando os problemas são vistos dessa maneira, diminui o pânico e tudo parece mais exequível. Quando os problemas surgem, em vez de serem vistos como simples ameaças, tornam-se situações de aprendizado, oportunidades de descobrir mais sobre a nossa própria mente e de prosseguir em nossa jornada.

Por meio da prática, que é confirmada pelo estudo, a sanidade intrínseca de sua mente e da mente dos outros é vivenciada repetidas vezes. Você percebe que os seus problemas não são tão arraigados. Você se percebe capaz de fazer um progresso real. Você se percebe tornando-se mais atento e consciente, desenvolvendo um senso maior de sanidade e clareza à medida que prossegue – o que é tremendamente encorajador.

Finalmente, essa ênfase na bondade e na sanidade provém da experiência de ausência do ego*, ideia com que os psicólogos ocidentais têm uma certa dificuldade. “Ausência do ego” não significa, como pensam alguns, que nada existe, uma forma de niilismo. Significa que você pode abandonar seus padrões habituais – e, quando abandona, abandona de verdade. Você não recria nem reconstrói, imediatamente depois, um novo casulo. Ao abandoná-los, você não começa simplesmente tudo de novo. Suspender o ego é ter a confiança de que você não vai reconstruir nada; vai vivenciar a sanidade psicológica e o frescor que acompanha esse não reconstruir. A verdadeira ausência do ego só pode ser experimentada plenamente com a prática da meditação.

A experiência da ausência do ego estimula uma empatia real e genuína com os outros. Você não pode ter uma empatia genuína com o ego, porque sua empatia viria acompanhada de algum tipo de mecanismo de defesa. Ao trabalhar com alguém, por exemplo, você poderia procurar atrair tudo para seu próprio território se seu próprio ego estivesse em jogo. O ego interfere na comunicação direta, que é obviamente essencial ao processo terapêutico. Por outro lado, a ausência do ego permite que todo o processo de trabalho com os outros seja autêntico, generoso, espontâneo. É por isso que na tradição budista se diz que, sem ausência do ego, é impossível desenvolver a compaixão verdadeira.

TRUNGPA, Chögyan. Muito além do divã ocidental. São Paulo: Cultrix, 2008. p 40-3

* Em inglês, egolessness (em sânscrito: nayratmya, nairatman, anatman; em tibetano bdagmed). Segundo o autor, é reconhecer ou dar-se conta de que o ego é impermanente e da ausência de uma ideia de que haja um ego. Costuma-se traduzir por “não-ego”, “não-eu”; “ausência de ego” ou “ausência de eu”; “impessoalidade”, “insubstancialidade”, “inconsistência”, “não-entidade”, “não-individualidade” ou “ausência de inexistência do eu (ou do ego)”. Nota do Revisor Técnico.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


A MENSAGEM-REVELAÇÃO

[…] - Veneráveis administradores, almas irmãs nossas de todas as dimensões:

Saudamo-vos todos em nome do Senhor do Universo.

Representando a formosa Esfera de amor que se encontra instalada em uma das Plêiades, envolta em vibrações especiais constituídas de fótons que formam uma luminosidade em tons azuis, aqui estamos, atendendo à invitação do Sublime Governador do planeta terrestre.

Embora sem condições de falar em nome dos nossos Guias espirituais, trago o compromisso de contribuir convosco no programa de elevação da Humanidade através da reencarnação de servidores do Bem, adrede preparados para o mister sublime.

Esta não é a primeira vez que o mundo terrestre recebe viajores de outras moradas, atendendo à solicitação de Jesus-Cristo, qual aconteceu no passado, no momento da grande transição das formas, quando modeladores do vaso orgânico mergulharam na densa massa física fixando os caracteres que hoje definem os seus habitantes... Da constelação do Cocheiro vieram aqueles nobres embaixadores da luz que contribuíram para a construção da Humanidade atual, inclusive outras inteligências, todavia não moralizadas, que após concluídos alguns estágios evolutivos retornaram, felizes, aos lares queridos...

Em outras oportunidades, luminares da Verdade submergiram nas sombras do mundo terrestre, a fim de apresentarem as suas conquistas e realizações edificantes, auxiliando os seus habitantes a crescer em tecnologia, ciência, filosofia, religião, política, ética e moral... Nada obstante, o desenvolvimento mais amplo ocorreu na área da inteligência e não do sentimento, assim explicando o atual estágio de evolução em que se encontram, rico de conhecimentos e pobre de edificações espirituais...

Periodicamente, por sua vez, o planeta experimenta mudanças climáticas, sísmicas em geral, com profundas alterações na sua massa imensa, ou sofre impacto de meteoros que lhe alteram a estrutura, tornando-o mais belo e harmônico, embora as destruições que, na ocasião, ocorrem, tendo sempre em vista o progresso, assim obedecendo à planificação superior com o objetivo de alcançar o seu alto nível de mundo de regeneração.

Concomitantemente, a fim de poderem viajar na grande nave terrestre que avança moralmente nas paisagens dos orbes felizes, incontáveis membros das tribos bárbaras do passado, que permaneceram detidos em regiões especiais durante alguns séculos, de maneira que não impedissem o desenvolvimento do planeta, renascem com formosas constituições orgânicas, fruto de seleção genética natural, entretanto, assinalados pelo primitivismo em que se mantiveram.

Apresentam-se exóticos uns, agressivos outros, buscando as origens primevas em reação inconsciente contra a sociedade progressista, tendo, porém, a santa oportunidade de refazerem conceitos, de aprimorarem sentimentos e de participarem na inevitável marcha ascensional... Expressivo número, porém, permanece em situações de agressividade e indiferença emocional, tornando-se instrumentos de provações rudes para a sociedade que desdenha. Fruem da excelente ocasião que, malbaratada, os recambiará a mundos primitivos, nos quais contribuirão com os conhecimentos de que são portadores, sofrendo, no entanto, as injunções rudes que serão defrontadas. Repete-se, de certo modo, o exílio bíblico de Lúcifer e dos seus comparsas, no rumo das estâncias compatíveis com o seu nível emocional grosseiro, onde a saudade e a melancolia se lhes instalarão, estimulando-os à conquista do patrimônio de amor desperdiçado na rudeza, e então lutarão com afã para a conquista do bem.

Ei-los, em diversos períodos da cultura terrestre, desfrutando de chances luminosas, mas raramente aproveitadas, cuja densidade vibratória já não lhes permite, por enquanto, o renascimento em o novo mundo em construção.


As moradas do Pai são em número infinito, mantendo, como é compreensível, intercâmbio de membros, de modo a ser preservada a fraternidade sublime, porquanto, aqueles mais bem aquinhoados devem contribuir em benefício dos menos enriquecidos de momento. A sublime lei de permutas funciona em intercâmbio de elevado conteúdo espiritual.

Da mesma forma que, em nossa Esfera, descerão ao planeta terrestre, como já vem sucedendo, milhões de Espíritos enobrecidos para o enfrentamento inevitável entre o amor abnegado e a violência destrutiva, dando lugar a embates caracterizados pela misericórdia e pela compaixão, outros missionários da educação e da solidariedade, muitos que se empenharam em promovê-las, em existências pregressas, estarão também de retorno, contribuindo para a construção da nova mentalidade desde o berço, assim facilitando as alterações que já estão ocorrendo, e sucederão com maior celeridade...

Nesse sentido, o psiquismo terrestre e a genética humana encontram-se em condições de receber novos hóspedes que participarão do ágape iluminativo, conforme o egrégio Codificador do Espiritismo referiu-se em sua obra magistral A Gênese, constituída por todos aqueles que se afeiçoem à verdade e se esforcem por edificar-se, laborando em favor do próximo e da sociedade como um todo.

Desse modo, qual ocorre em outros Orbes, chega o tempo em que a Mãe-Terra também ascenderá na escala dos mundos, conduzindo os seus filhos e aguardando o retorno daqueles que estarão na retaguarda por algum tempo, porquanto o inefável amor de Deus a ninguém deixa de amparar, ensejando-lhes oportunidade de refazimento e de evolução.

Nesse inevitável esforço, estaremos todos empenhados, experienciando a vivência do amor em todas as suas expressões, formando um contingente harmonioso e encantador.

Ninguém que se possa eximir desse dever que nos pertence a todos, individual e coletivamente, porquanto o Reino dos Céus está dentro de nós e é necessário ampliar-lhe as fronteiras para o exterior, dando lugar ao Paraíso anelado que, no entanto, jamais será dentro dos limites territoriais da organização física.

A realidade que somos, Espíritos imortais em essência, tem sua origem e permanência fora das limitações materiais de qualquer mundo físico, que poderia não existir, sem qualquer prejuízo para o processo de evolução. Nada obstante, quando o Criador estabeleceu a necessidade do desenvolvimento nas organizações fisiológicas, à semelhança da semente que necessita dos fatores mesológicos para libertar a vida que nela jaz, razões poderosas existem para que assim aconteça, facultando-nos percorrer os degraus que nos levam ao Infinito...

Qual seria, então, a razão por que deveriam vir Espíritos de outro Orbe, para o processo de moralização do planeta? Primeiro, porque, não tendo vínculos anteriores como defluentes de existências perturbadoras, não enfrentariam impedimentos interiores para os processos de doação, para os reencontros dolorosos com aqueles que permaneceram comprometidos como mal, que têm interesse em manter o atraso moral das comunidades, a fim de explorá-las psiquicamente em perversos fenômenos de vampirização, de onsessão individual e coletiva... Estrangeiros em terras preparadas para a construção do progresso, fazem-no por amor, convocados para oferecer os seus valores adquiridos em outros planos, facilitando o acesso ao desenvolvimento daqueles que são os nacionais anelantes pela felicidade. Segundo, porque mais adiantados moralmente uns, podem contribuir com exemplos edificantes capazes de silenciar as forças da perversidade e obstaculá-las com os recursos inexcedíveis do sacrifício pessoal, desde que, as suas não são as aspirações imediatas e interesseiras do mundo das formas. Enquanto outros estarão vivenciando uma forma de exílio temporário, por serem desenvolvidos intelectualmente, mas ainda necessitados da vivência do amor, e em contato direto com os menos evoluídos, sentirão necessidade do afeto e do carinho, aprendendo, por sua vez, o milagroso fenômeno da solidariedade. Tudo se resume, portanto, no dar, que é receber, e no receber, que convida ao doar.

A fim de que o programa seja executado, neste mesmo momento, em diferentes comunidades espirituais próximas à Terra, irmãos nossos, procedentes de nossa Esfera, estão apresentando o programa a que nos referimos, de forma que, unidos, formemos uma só caravana de laboriosos servidores, atendendo as determinações do Governador terrestre, o Mestre por excelência.

De todas essas comunidades seguirão grupos espirituais preparados para a disseminação do programa, comunicando-se nas instituições espíritas sérias e convocando os seus membros à divulgação das diretrizes para os novos cometimentos.

Expositores dedicados e médiuns sinceros estarão sendo convocados a participarem de estudos e seminários preparatórios, para que seja desencadeada uma ação internacional no planeta, convidando as pessoas sérias à contribuição psíquica e moral em favor do novo período.

As grandes transformações, embora ocorram em fases de perturbação do orbe terrestre, em face dos fenômenos climáticos, da poluição e do desrespeito à Natureza, não se darão em forma de destruição da vida, mas de mudança de comportamento moral e emocional dos indivíduos, convidados uns ao sofrimento pelas ocorrências e outros pelo discernimento em torno da evolução.

À semelhança de ondas oceânicas a abraçarem as praias voluptuosamente, sorvendo as renas de espumas alvas, os novos obreiros do Senhor se sucederão ininterruptamente alterando os hábitos sociais, os costumes morais, a literatura e a arte, o conhecimento em geral, ciência e tecnologia, imprimindo novos textos de beleza que despertarão o interesse mesmo daqueles que, momentaneamente, encontram-se adormecidos.

Antes, porém, de chegar esse momento, a violência, a sensualidade, a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço, enquanto as enfermidades degenerativas, os transtornos bipolares de conduta, as cardiopatias, os cânceres, os vícios e os desvarios sexuais clamarão por paz, pelo retorno à ética, à moral, ao equilíbrio... Frutos das paixões das criaturas que lhes sofrerão os efeitos em forma de consumpção libertadora, lentamente surgirão os valores da saúde integral, da alegria sem jaça, da harmonia pessoal, da integração no espírito cósmico da vida.

Como em toda batalha, momentos difíceis surgirão exigindo equilíbrio e oração fortalecedora, os lutadores estarão expostos no mundo, incompreendidos, desafiados por serem originais na conduta, por incomodarem os insensatos que, ante a impossibilidade de os igualarem, irão comabtê-los, e padecendo diversas ocasiões de profunda e aparente solidão... Nunca, porém, estarão solitários, porque a solidariedade espiritual do Amor estará com eles, vitalizando-os e encorajando-os ao prosseguimento.

Todo pioneirismo testa as resistências morais daquele que se atreve a ser diferente para melhor quando a vulgaridade predomina, razão pela qual são especiais todos esses que se dedicam às experiências iluminativas e libertadoras. Nunca, porém, deverão recear, porque o Espírito do Senhor os animará, concedendo-lhes desconhecida alegria de viver, mesmo quando,m aparentemente, haja uma conspiração contra os seus superiores propósitos.


O modelo a seguir permanece Jesus, e a nova onda de amor trará de retorno o apostolado, os dias inesquecíveis das perseguições e do martirológio que, na atualidade, terá características diversas, já que não se podem matar impunemente os corpos como no passado... Isso não implica que não se assaquem acusações vergonhosas e se promovam campanhas desmoralizadoras contra eles, a fim de dificultar-lhes o empreendimento superior. Assim mesmo, deverão avançar, joviais e estoicos, cantando os hinos da liberdade e da fé raciocinada que dignificam o ser humano e o promovem no cenário interior.

Trata-se, portanto, de um movimento que modificará o planeta para melhor, a fim de auxiliá-lo a alcançar o patamar que lhe está reservado.

Quem não se entrega à luta, ao movimento, candidata-se ao insulamento, à morte...

Assim sendo, sob o comando do Cancioneiro das bem-aventuranças, sigamos todos empenhados na lídima fraternidade, oferecendo-nos em holocausto de amor à verdade, certos do êxito que nos está destinado.

Louvando, portanto, Aquele que nos convidou, misericórdia solicitamos.

MIRANDA, Manoel P. [Divaldo Franco] Transição Planetária. Salvador: Leal, 2010 p 31-8