domingo, 18 de dezembro de 2011


FORA DA VERDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO

Fora da verdade não há salvação seria o equivalente de: Fora da Igreja não há salvação, e também exclusivista, porque não há uma só seita que não pretenda ter o privilégio da verdade. Qual é o homem que pode se gabar de possuí-la inteiramente, quando o círculo dos conhecimentos aumenta se cessar, e as ideias se retificam a cada dia? A verdade absoluta não pertence senão aos Espíritos de ordem mais elevada, e a Humanidade terrestre não poderia pretendê-la, porque não lhe é dado tudo saber; ela não pode aspirar senão uma verdade relativa e proporcional ao seu adiantamento. Se Deus houvesse feito da posse da verdade absoluta, a condição expressa da felicidade futura, isso seria uma sentença de proscrição geral; enquanto que a caridade, mesmo na sua acepção mais ampla, pode ser praticada por todos. O Espiritismo, de acordo com o Evangelho, admitindo que a salvação independe da crença, conquanto que se observe a lei de Deus, não diz: Fora do Espiritismo não há salvação, máxima que dividiria em lugar de unir, e perpetuaria o antagonismo.

EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap XV:9

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011


O homem no mundo


      10. Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos. Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época, como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia, mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar. Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais, sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse da sua herança.
      Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo dalma, ou a sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a concluístes. Em tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

      A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior. Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Capítulo V, nº 26.)

      Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco, para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não, não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor, e aqueles que amam santamente ele os abençoa. Um Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.)

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Cap XVII:10

terça-feira, 13 de dezembro de 2011


O PONTO DE VISTA DA SANIDADE

A psicologia budista se baseia na ideia de que os seres humanos são fundamentalmente bons. Suas qualidades mais essenciais são positivas: a abertura, inteligência e cordialidade. Esse ponto de vista tem, é claro, suas expressões filosóficas e psicológicas em conceitos como bodhichitta (mente desperta) e tathagatarbha (local de nascimento dos iluminados). Mas essa ideia tem sua origem, em última análise, na experiência – a experiência da bondade e da dignidade em si mesmo e nos outros. Entender isso é fundamental e é a inspiração básica da prática e da psicologia budistas.

Como vim de uma tradição que dá ênfase à bondade humana, foi uma espécie de choque para mim quando descobri a tradição ocidental do pecado original. Quando estava na Universidade de Oxford estudei as tradições religiosas e filosóficas ocidentais com muito interesse, e a noção de pecado original me pareceu prevalente. Uma de minhas primeiras experiências na Inglaterra foi participar de um seminário como arcebispo Antony Blum. O seminário era sobre a noção de graça, e entramos numa discussão sobre o pecado original. A tradição budista não considera essa noção necessária em absoluto, e eu expressei esse ponto de vista. Fiquei surpreso com o quanto os participantes ocidentais se irritaram. Mesmo os ortodoxos, que talvez não enfatizem o pecado original tanto quanto as tradições ocidentais, têm esse conceito como uma pedra angular de sua teologia.

No quando desta nossa discussão, parece que a noção de pecado original não apenas permeia as ideias religiosas ocidentais como, na verdade, parece estar presente em todo o pensamento ocidental, especialmente no psicológico. Parece existir, tanto entre os pacientes quanto entre os teóricos e terapeutas, uma grande preocupação com a ideia de algum erro original que seja causa do sofrimento posterior – uma espécie de punição por esse erro. Descobre-se que há uma noção de culpa ou chaga que é predominante. Acreditem realmente ou não na ideia de pecado original – ou mesmo em Deus -, as pessoas parecem verdadeiramente acreditar que fizeram algo de errado no passado e agora estão sendo punidas por isso.

Parece que esse sentimento se culpa fundamental vem sendo transmitido de uma geração para a outra e permeia vários aspectos da vida ocidental. Os professores, por exemplo, frequentemente pensam que, se as crianças não se sentirem culpadas, não vão estudar com propriedade e por isso não vão se desenvolver como deveriam. Com isso, muitos professores acreditam que precisam exercer alguma pressão sobre as crianças, e a culpa parece ser uma das principais técnicas adotadas. Isso acontece até mesmo no nível em que se procura melhorar o desempenho na leitura ou na redação. O professor procura pelos erros: “Veja, você cometeu um erro. O que você vai fazer quanto a isso?”. Do ponto de vista da criança, aprender se torna algo baseado em não cometer erros, em tentar provar que, na verdade, você não é mau. É inteiramente diferente quando você a criança de modo mais positivo: “Veja o quanto você já melhorou, agora podemos ir ainda mais além”. Nesse último caso, o aprendizado se torna uma expressão de nossa sanidade e de nossa inteligência inata.

O problema com essa noção de pecado ou erro original é que ela funciona praticamente como um obstáculo para as pessoas. É claro que em algum momento é necessário percebermos nossas próprias deficiências. Mas, quando vamos longe demais, isso elimina qualquer inspiração e destrói também nossa visão. Desse modo, aquela noção não é muito útil, e na verdade parece desnecessária. Como já mencionei, no budismo não há ideias comparáveis à noção de pecado e culpa. É claro que existe a ideia de que se deve evitar erros. Mas não há nada que seja comparável ao peso e à inexorabilidade do pecado original.

De acordo com a perspectiva budista, os problemas existem, mas são impurezas temporárias e superficiais que encobrem nossa bondade fundamental (tathagatagarbha). É um ponto de vista positivo e otimista. Mas é preciso salientar mais uma vez que não é um ponto de vista puramente conceitual. Baseia-se na experiência da meditação e da sanidade que ela promove. Existem padrões neuróticos habituais temporários que se desenvolvem com base nas experiências passadas, mas é possível enxergar o que há por trás deles. É exatamente o que se estuda no abhidharma: como uma coisa sucede a outra, como a ação volitiva se origina e se perpetua, como as coisas de desencadeiam e crescem como uma bola de neve. E acima de tudo, o abhidharma estuda como esse processo pode ser superado pela prática da meditação.

A atitude resultante da concepção e da prática budistas é bem diferente da “mentalidade do erro”. Vivencia-se a mente como algo essencialmente puro, ou seja, saudável e positivo, e os “problemas” como imperfeições temporárias e superficiais. Esse ponto de vista não significa exatamente “livrar-se” dos problemas, mas mudar de foco. Os problemas são vistos no contexto muito mais amplo da saúde: começamos a deixar de nos apegar a nossas neuroses e a superar nossa obsessão e identificação com elas. A ênfase não está mais no problema em si, mas na base da experiência, pelo dar-se conta da natureza da mente em si mesma. Quando os problemas são vistos dessa maneira, diminui o pânico e tudo parece mais exequível. Quando os problemas surgem, em vez de serem vistos como simples ameaças, tornam-se situações de aprendizado, oportunidades de descobrir mais sobre a nossa própria mente e de prosseguir em nossa jornada.

Por meio da prática, que é confirmada pelo estudo, a sanidade intrínseca de sua mente e da mente dos outros é vivenciada repetidas vezes. Você percebe que os seus problemas não são tão arraigados. Você se percebe capaz de fazer um progresso real. Você se percebe tornando-se mais atento e consciente, desenvolvendo um senso maior de sanidade e clareza à medida que prossegue – o que é tremendamente encorajador.

Finalmente, essa ênfase na bondade e na sanidade provém da experiência de ausência do ego*, ideia com que os psicólogos ocidentais têm uma certa dificuldade. “Ausência do ego” não significa, como pensam alguns, que nada existe, uma forma de niilismo. Significa que você pode abandonar seus padrões habituais – e, quando abandona, abandona de verdade. Você não recria nem reconstrói, imediatamente depois, um novo casulo. Ao abandoná-los, você não começa simplesmente tudo de novo. Suspender o ego é ter a confiança de que você não vai reconstruir nada; vai vivenciar a sanidade psicológica e o frescor que acompanha esse não reconstruir. A verdadeira ausência do ego só pode ser experimentada plenamente com a prática da meditação.

A experiência da ausência do ego estimula uma empatia real e genuína com os outros. Você não pode ter uma empatia genuína com o ego, porque sua empatia viria acompanhada de algum tipo de mecanismo de defesa. Ao trabalhar com alguém, por exemplo, você poderia procurar atrair tudo para seu próprio território se seu próprio ego estivesse em jogo. O ego interfere na comunicação direta, que é obviamente essencial ao processo terapêutico. Por outro lado, a ausência do ego permite que todo o processo de trabalho com os outros seja autêntico, generoso, espontâneo. É por isso que na tradição budista se diz que, sem ausência do ego, é impossível desenvolver a compaixão verdadeira.

TRUNGPA, Chögyan. Muito além do divã ocidental. São Paulo: Cultrix, 2008. p 40-3

* Em inglês, egolessness (em sânscrito: nayratmya, nairatman, anatman; em tibetano bdagmed). Segundo o autor, é reconhecer ou dar-se conta de que o ego é impermanente e da ausência de uma ideia de que haja um ego. Costuma-se traduzir por “não-ego”, “não-eu”; “ausência de ego” ou “ausência de eu”; “impessoalidade”, “insubstancialidade”, “inconsistência”, “não-entidade”, “não-individualidade” ou “ausência de inexistência do eu (ou do ego)”. Nota do Revisor Técnico.



sexta-feira, 2 de dezembro de 2011


A MENSAGEM-REVELAÇÃO

[…] - Veneráveis administradores, almas irmãs nossas de todas as dimensões:

Saudamo-vos todos em nome do Senhor do Universo.

Representando a formosa Esfera de amor que se encontra instalada em uma das Plêiades, envolta em vibrações especiais constituídas de fótons que formam uma luminosidade em tons azuis, aqui estamos, atendendo à invitação do Sublime Governador do planeta terrestre.

Embora sem condições de falar em nome dos nossos Guias espirituais, trago o compromisso de contribuir convosco no programa de elevação da Humanidade através da reencarnação de servidores do Bem, adrede preparados para o mister sublime.

Esta não é a primeira vez que o mundo terrestre recebe viajores de outras moradas, atendendo à solicitação de Jesus-Cristo, qual aconteceu no passado, no momento da grande transição das formas, quando modeladores do vaso orgânico mergulharam na densa massa física fixando os caracteres que hoje definem os seus habitantes... Da constelação do Cocheiro vieram aqueles nobres embaixadores da luz que contribuíram para a construção da Humanidade atual, inclusive outras inteligências, todavia não moralizadas, que após concluídos alguns estágios evolutivos retornaram, felizes, aos lares queridos...

Em outras oportunidades, luminares da Verdade submergiram nas sombras do mundo terrestre, a fim de apresentarem as suas conquistas e realizações edificantes, auxiliando os seus habitantes a crescer em tecnologia, ciência, filosofia, religião, política, ética e moral... Nada obstante, o desenvolvimento mais amplo ocorreu na área da inteligência e não do sentimento, assim explicando o atual estágio de evolução em que se encontram, rico de conhecimentos e pobre de edificações espirituais...

Periodicamente, por sua vez, o planeta experimenta mudanças climáticas, sísmicas em geral, com profundas alterações na sua massa imensa, ou sofre impacto de meteoros que lhe alteram a estrutura, tornando-o mais belo e harmônico, embora as destruições que, na ocasião, ocorrem, tendo sempre em vista o progresso, assim obedecendo à planificação superior com o objetivo de alcançar o seu alto nível de mundo de regeneração.

Concomitantemente, a fim de poderem viajar na grande nave terrestre que avança moralmente nas paisagens dos orbes felizes, incontáveis membros das tribos bárbaras do passado, que permaneceram detidos em regiões especiais durante alguns séculos, de maneira que não impedissem o desenvolvimento do planeta, renascem com formosas constituições orgânicas, fruto de seleção genética natural, entretanto, assinalados pelo primitivismo em que se mantiveram.

Apresentam-se exóticos uns, agressivos outros, buscando as origens primevas em reação inconsciente contra a sociedade progressista, tendo, porém, a santa oportunidade de refazerem conceitos, de aprimorarem sentimentos e de participarem na inevitável marcha ascensional... Expressivo número, porém, permanece em situações de agressividade e indiferença emocional, tornando-se instrumentos de provações rudes para a sociedade que desdenha. Fruem da excelente ocasião que, malbaratada, os recambiará a mundos primitivos, nos quais contribuirão com os conhecimentos de que são portadores, sofrendo, no entanto, as injunções rudes que serão defrontadas. Repete-se, de certo modo, o exílio bíblico de Lúcifer e dos seus comparsas, no rumo das estâncias compatíveis com o seu nível emocional grosseiro, onde a saudade e a melancolia se lhes instalarão, estimulando-os à conquista do patrimônio de amor desperdiçado na rudeza, e então lutarão com afã para a conquista do bem.

Ei-los, em diversos períodos da cultura terrestre, desfrutando de chances luminosas, mas raramente aproveitadas, cuja densidade vibratória já não lhes permite, por enquanto, o renascimento em o novo mundo em construção.


As moradas do Pai são em número infinito, mantendo, como é compreensível, intercâmbio de membros, de modo a ser preservada a fraternidade sublime, porquanto, aqueles mais bem aquinhoados devem contribuir em benefício dos menos enriquecidos de momento. A sublime lei de permutas funciona em intercâmbio de elevado conteúdo espiritual.

Da mesma forma que, em nossa Esfera, descerão ao planeta terrestre, como já vem sucedendo, milhões de Espíritos enobrecidos para o enfrentamento inevitável entre o amor abnegado e a violência destrutiva, dando lugar a embates caracterizados pela misericórdia e pela compaixão, outros missionários da educação e da solidariedade, muitos que se empenharam em promovê-las, em existências pregressas, estarão também de retorno, contribuindo para a construção da nova mentalidade desde o berço, assim facilitando as alterações que já estão ocorrendo, e sucederão com maior celeridade...

Nesse sentido, o psiquismo terrestre e a genética humana encontram-se em condições de receber novos hóspedes que participarão do ágape iluminativo, conforme o egrégio Codificador do Espiritismo referiu-se em sua obra magistral A Gênese, constituída por todos aqueles que se afeiçoem à verdade e se esforcem por edificar-se, laborando em favor do próximo e da sociedade como um todo.

Desse modo, qual ocorre em outros Orbes, chega o tempo em que a Mãe-Terra também ascenderá na escala dos mundos, conduzindo os seus filhos e aguardando o retorno daqueles que estarão na retaguarda por algum tempo, porquanto o inefável amor de Deus a ninguém deixa de amparar, ensejando-lhes oportunidade de refazimento e de evolução.

Nesse inevitável esforço, estaremos todos empenhados, experienciando a vivência do amor em todas as suas expressões, formando um contingente harmonioso e encantador.

Ninguém que se possa eximir desse dever que nos pertence a todos, individual e coletivamente, porquanto o Reino dos Céus está dentro de nós e é necessário ampliar-lhe as fronteiras para o exterior, dando lugar ao Paraíso anelado que, no entanto, jamais será dentro dos limites territoriais da organização física.

A realidade que somos, Espíritos imortais em essência, tem sua origem e permanência fora das limitações materiais de qualquer mundo físico, que poderia não existir, sem qualquer prejuízo para o processo de evolução. Nada obstante, quando o Criador estabeleceu a necessidade do desenvolvimento nas organizações fisiológicas, à semelhança da semente que necessita dos fatores mesológicos para libertar a vida que nela jaz, razões poderosas existem para que assim aconteça, facultando-nos percorrer os degraus que nos levam ao Infinito...

Qual seria, então, a razão por que deveriam vir Espíritos de outro Orbe, para o processo de moralização do planeta? Primeiro, porque, não tendo vínculos anteriores como defluentes de existências perturbadoras, não enfrentariam impedimentos interiores para os processos de doação, para os reencontros dolorosos com aqueles que permaneceram comprometidos como mal, que têm interesse em manter o atraso moral das comunidades, a fim de explorá-las psiquicamente em perversos fenômenos de vampirização, de onsessão individual e coletiva... Estrangeiros em terras preparadas para a construção do progresso, fazem-no por amor, convocados para oferecer os seus valores adquiridos em outros planos, facilitando o acesso ao desenvolvimento daqueles que são os nacionais anelantes pela felicidade. Segundo, porque mais adiantados moralmente uns, podem contribuir com exemplos edificantes capazes de silenciar as forças da perversidade e obstaculá-las com os recursos inexcedíveis do sacrifício pessoal, desde que, as suas não são as aspirações imediatas e interesseiras do mundo das formas. Enquanto outros estarão vivenciando uma forma de exílio temporário, por serem desenvolvidos intelectualmente, mas ainda necessitados da vivência do amor, e em contato direto com os menos evoluídos, sentirão necessidade do afeto e do carinho, aprendendo, por sua vez, o milagroso fenômeno da solidariedade. Tudo se resume, portanto, no dar, que é receber, e no receber, que convida ao doar.

A fim de que o programa seja executado, neste mesmo momento, em diferentes comunidades espirituais próximas à Terra, irmãos nossos, procedentes de nossa Esfera, estão apresentando o programa a que nos referimos, de forma que, unidos, formemos uma só caravana de laboriosos servidores, atendendo as determinações do Governador terrestre, o Mestre por excelência.

De todas essas comunidades seguirão grupos espirituais preparados para a disseminação do programa, comunicando-se nas instituições espíritas sérias e convocando os seus membros à divulgação das diretrizes para os novos cometimentos.

Expositores dedicados e médiuns sinceros estarão sendo convocados a participarem de estudos e seminários preparatórios, para que seja desencadeada uma ação internacional no planeta, convidando as pessoas sérias à contribuição psíquica e moral em favor do novo período.

As grandes transformações, embora ocorram em fases de perturbação do orbe terrestre, em face dos fenômenos climáticos, da poluição e do desrespeito à Natureza, não se darão em forma de destruição da vida, mas de mudança de comportamento moral e emocional dos indivíduos, convidados uns ao sofrimento pelas ocorrências e outros pelo discernimento em torno da evolução.

À semelhança de ondas oceânicas a abraçarem as praias voluptuosamente, sorvendo as renas de espumas alvas, os novos obreiros do Senhor se sucederão ininterruptamente alterando os hábitos sociais, os costumes morais, a literatura e a arte, o conhecimento em geral, ciência e tecnologia, imprimindo novos textos de beleza que despertarão o interesse mesmo daqueles que, momentaneamente, encontram-se adormecidos.

Antes, porém, de chegar esse momento, a violência, a sensualidade, a abjeção, os escândalos, a corrupção atingirão níveis dantes jamais pensados, alcançando o fundo do poço, enquanto as enfermidades degenerativas, os transtornos bipolares de conduta, as cardiopatias, os cânceres, os vícios e os desvarios sexuais clamarão por paz, pelo retorno à ética, à moral, ao equilíbrio... Frutos das paixões das criaturas que lhes sofrerão os efeitos em forma de consumpção libertadora, lentamente surgirão os valores da saúde integral, da alegria sem jaça, da harmonia pessoal, da integração no espírito cósmico da vida.

Como em toda batalha, momentos difíceis surgirão exigindo equilíbrio e oração fortalecedora, os lutadores estarão expostos no mundo, incompreendidos, desafiados por serem originais na conduta, por incomodarem os insensatos que, ante a impossibilidade de os igualarem, irão comabtê-los, e padecendo diversas ocasiões de profunda e aparente solidão... Nunca, porém, estarão solitários, porque a solidariedade espiritual do Amor estará com eles, vitalizando-os e encorajando-os ao prosseguimento.

Todo pioneirismo testa as resistências morais daquele que se atreve a ser diferente para melhor quando a vulgaridade predomina, razão pela qual são especiais todos esses que se dedicam às experiências iluminativas e libertadoras. Nunca, porém, deverão recear, porque o Espírito do Senhor os animará, concedendo-lhes desconhecida alegria de viver, mesmo quando,m aparentemente, haja uma conspiração contra os seus superiores propósitos.


O modelo a seguir permanece Jesus, e a nova onda de amor trará de retorno o apostolado, os dias inesquecíveis das perseguições e do martirológio que, na atualidade, terá características diversas, já que não se podem matar impunemente os corpos como no passado... Isso não implica que não se assaquem acusações vergonhosas e se promovam campanhas desmoralizadoras contra eles, a fim de dificultar-lhes o empreendimento superior. Assim mesmo, deverão avançar, joviais e estoicos, cantando os hinos da liberdade e da fé raciocinada que dignificam o ser humano e o promovem no cenário interior.

Trata-se, portanto, de um movimento que modificará o planeta para melhor, a fim de auxiliá-lo a alcançar o patamar que lhe está reservado.

Quem não se entrega à luta, ao movimento, candidata-se ao insulamento, à morte...

Assim sendo, sob o comando do Cancioneiro das bem-aventuranças, sigamos todos empenhados na lídima fraternidade, oferecendo-nos em holocausto de amor à verdade, certos do êxito que nos está destinado.

Louvando, portanto, Aquele que nos convidou, misericórdia solicitamos.

MIRANDA, Manoel P. [Divaldo Franco] Transição Planetária. Salvador: Leal, 2010 p 31-8

terça-feira, 29 de novembro de 2011


AS QUATRO NOBRES VERDADES


      Se, agora, nos concentrarmos nos mecanismos das causas e efeitos referentes à nossa existência, naturalmente tomaremos nossa experiência pessoal como base para cultivar um entendimento mais profundo. Nesse contexto, os ensinamentos de Buda sobre as “Quatro nobres verdades” podem se mostrar extremamente úteis porque estão diretamente relacionadas à nossa própria experiência, especialmente ao desejo inato de buscar a felicidade e superar o sofrimento. Em resumo, o ensinamento de Buda sobre as “Quatro nobres verdades” nos leva: em primeiro lugar, a um profundo reconhecimento da natureza do sofrimento; depois, ao reconhecimento das origens do sofrimento; em seguida, ao reconhecimento da possibilidade da cessação do sofrimento; e, finalmente, ao reconhecimento do caminho que conduz a essa realidade.

      O budismo reconhece três níveis de sofrimento: o sofrimento do sofrimento, o sofrimento da mudança e o sofrimento difuso da existência condicionada. Com relação ao primeiro – o sofrimento do sofrimento -, até mesmo os animais são capazes de identificar essas experiências evidentemente dolorosas como indesejáveis. Assim como nós, eles mostram um instinto natural para evitar tais experiências e se livrar delas. Com respeito ao segundo nível de sofrimento – o sofrimento da mudança -, até mesmo os praticante não budistas podem cultivar com sucesso tanto o reconhecimento de que isso é indesejável como o desejo de se liberar dele.

      O sofrimento do condicionamento difuso é típico do budismo. Praticantes espirituais que desejam buscar a libertação total da existência cíclica devem desenvolver um profundo reconhecimento dessa forma de sofrimento. Precisamos cultivar a compreensão de que o sofrimento do condicionamento difuso não só age com base para a nossa experiência atual de sofrimento, mas, crucialmente, também serve como fonte de futuras experiências de sofrimento. Com base nesse firme reconhecimento de nossa existência extremamente condicionada como forma de sofrimento, devemos então cultivar o verdadeiro desejo de buscar a liberdade. Nosso sentimento de desejo de liberdade deve ser de tal modo poderoso que sintamos que essa existência condicionada deva ser uma doença grave, da qual desejamos ansiosamente nos recuperar o mais rápido possível.

      O que dá origem a esse terceiro nível de sofrimento, ou seja, o sofrimento do condicionamento difuso? O budismo identifica os dois elementos do carma e as aflições como verdadeiras origens do sofrimento. O carma nasce das aflições mentais, que são essencialmente de dois tipos: aflições conceituais, como pontos de vista equivocados, e aflições emocionais, como a luxúria, a raiva e a inveja. Nós nos referimos a elas como “aflições” (nyongmong, em tibetano) porque seu surgimento no coração e na mente imediatamente cria uma forma de aflição, caracterizada por um estado de profunda perturbação e intranquilidade, que conduz a outros níveis de aflição na mente e no coração, como ser atormentado pela tristeza, confusão e outras formas de sofrimento.

      Geralmente, todas essas aflições mentais são geradas por três venenos básicos que perturbam a mente – apego, raiva e ilusão. A ilusão é a base dos outros dois e de todas as nossas aflições e, no contexto do pensamento budista Mahayana, a ilusão se refere à visão equivocada que temos sobre a real existência das coisas e acontecimentos. Assim sendo, ao erradicarmos a ilusão – que é a causa de todas as aflições – poderemos lutar e dar um fim ao sofrimento e, dessa forma, alcançar a verdadeira liberação (moksha, em sânscrito).

      Em seus textos Fundamento do caminho do meio, o influente pensador budista de século 2° Nagarjuna explica que poderemos ver além de nossa ilusão e levar toda essa cadeia equivocada de causas e efeitos a um fim, somente se cultivarmos a compreensão quanto ao vazio do eu e dos fenômenos. Consequentemente, a compreensão do vazio combinada ao cultivo da paixão é a verdadeira essência da prática dos ensinamentos do Buda. Um praticante que se sente realizado e que alcançou a verdadeira cessação do sofrimento continuará a viver de acordo com esse princípio no mundo por meio de ações compassivas. Descrevo esse fato como uma atividade maravilhosa de alguém que compreendeu o vazio e se entrega a um comportamento compassivo.

DALAI LAMA. Iluminando o caminho. São Paulo: Ed. Fundamento, 2005. p 32-4




quarta-feira, 23 de novembro de 2011


      11. A reencarnação pode dar-se na Terra ou em outros mundos. Há entre os mundos alguns mais adiantados onde a existência se exerce em condições menos penosas que na Terra, física e moralmente, mas onde também só são admitidos Espíritos chegados a um grau de perfeição relativo ao estado desses mundos.

      A vida nos mundos superiores já é uma recompensa, visto nos acharmos isentos, aí, dos males e vicissitudes terrenos. Onde os corpos, menos materiais, quase fluídicos, não mais são sujeitos às moléstias, às enfermidades, e tampouco têm as mesmas necessidades. Excluídos os Espíritos maus, gozam os homens de plena paz, sem outra preocupação além da do adiantamento pelo trabalho intelectual.
    
     Reina lá a verdadeira fraternidade, pois não há egoísmo; a verdadeira igualdade, porque não há orgulho, e a verdadeira liberdade por não haver desordens a reprimir, nem ambiciosos que procurem oprimir o fraco.

Comparados à Terra, esses mundos são verdadeiros paraísos, quais pousos ao longo do caminho do progresso conducente ao estado definitivo. Sendo a Terra um mundo inferior destinado à purificação dos Espíritos imperfeitos, está nisso a razão do mal que aí predomina, até que praza a Deus fazer dela morada de Espíritos mais adiantados. Assim é que o Espírito, progredindo gradualmente à medida em que se desenvolve, chega ao apogeu da felicidade; porém, antes de ter atingido a culminância da perfeição, goza de uma felicidade relativa ao seu progresso. A criança também frui os prazeres da infância, mais tarde os da mocidade, e finalmente mais sólidos, da madureza.


      12. A felicidade dos Espíritos bem-aventurados não consiste na ociosidade contemplativa, que seria, como temos dito muitas vezes, uma eterna e fastidiosa inutilidade.

      A vida espiritual em todos os seus graus é, ao contrário, uma constante atividade, mas atividade isenta de fadigas.

      A suprema felicidade consiste no gozo de todos os esplendores da Criação, que nenhuma linguagem humana jamais poderia descrever, que a imaginação mais fecunda não poderia conceber. Consiste também na penetração de todas as coisas, na ausência de sofrimentos físicos e morais, numa satisfação íntima, numa serenidade dalma imperturbável, no amor que envolve todos os seres, por causa da ausência de atrito pelo contato com os maus, e, acima de tudo, na contemplação de Deus e na compreensão dos seus mistérios revelados aos mais dignos. A felicidade também existe nas tarefas cujo encargo nos faz felizes. Os puros Espíritos são os Messias ou mensageiros de Deus pela transmissão e execução das vontades. Preenchem as grandes missões, presidem à formação dos mundos e à harmonia geral do Universo, tarefa gloriosa a que não se não chega senão pela perfeição. Os da ordem mais elevada são os únicos a possuírem os segredos de Deus, inspirando-se no seu pensamento, de que são diretos representantes.

KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Rio, FEB, 1997. p 33-4

domingo, 20 de novembro de 2011

NIRBAL KE BALA RAMA*

    Embora tenha adquirido um conhecimento razoável do hinduísmo e outras religiões, viria a apender que apenas esse conhecimento não era suficiente para me ajudar nas adversidades. Ninguém sabe o que salva um homem em seus momentos mais críticos, nem de onde ele tira a sua força. Se for uma pessoa sem fé, provavelmente atribuirá o fato de ter-se salvo por acaso. Se for uma pessoa de fé, dirá que Deus o salvou, e provavelmente concluirá que seus estudos religiosos ou sua disciplina espiritual estão por trás do estado de graça em que se encontra.
    
     Num momento de desespero, porém, a pessoa não consegue discernir como ocorre esse resgate. Quem, orgulhoso de sua força espiritual, já não a viu humilhada até o pó? O conhecimento religioso, ao contrário da experiência em si, é apenas um grão de areia em momentos de adversidade. Foi na Inglaterra que descobri que o conhecimento religioso em si é fútil. Não sei como tinha me livrado de algumas situações-limite na minha vida até então. 

GANDHI, M. K. Autobiografia - minha vida e minhas esperiências com a verdade.
São Paulo: Palas Athena, 1999. p 75.

*Rama é o amparo dos desamparados, a força dos fracos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

IX – PROCESSO DE AUTOCURA


      A criatura humana possui, inexplorados, valiosos recursos que aguardam a canalização conveniente. Entre eles, a bioenergia é fonte de inexauríveis potencialidades, que o desconhecimento e a negligência direcionam em sentido equivocado, malbaratando inconscientemente forças preciosas.
      Insensível à óptica comum, a irradiação bioenergética passa despercebida, exercendo influência no inter-relacionamento pessoal, graças a qual provoca ondas de simpatia como de animosidade, conforme a procedência de um indivíduo moralmente são ou enfermo.
      Captada pelo perispírito, nele interfere através do campo que exterioriza, facultando renovar as forças ou perturbá-las de acordo com o tipo de descargas que propicia.
      Essa bioenergia é responsável pela atração interpessoal, qual ocorre no campo molecular, celular, gravitacional, universal.
      Semelhante à invisível camada energética que envolve a Terra e que somente é registrada por aparelhos especiais, de igual modo ela é somente percebida através da paranormalidade ou de câmeras ultravelozes em filmes também ultrassensíveis.
       A sua ação, todavia, é de mais fácil registro na emotividade, nas áreas afetadas por enfermidades, pelas reações psicológicas que provocam nos relacionamentos humanos.
      Referindo-se aos fenômenos que produzia, Jesus, o Excelso Curador, foi peremptório, afirmando: “Vocês podem fazer coisas maiores do que estas”, se quiserem.
      O querer é de lata importância, porquanto representa não apenas a vontade interesseira, imediatista, porém, todo o empenho, todo o investimento de recursos para adquirir-se o pleno comando dessa força e a sua hábil canalização com objetivos elevados.
      É de igual relevância a finalidade da sua aplicação. Todos aqueles que a utilizam na vulgaridade, no divertimento, fazem joguete do próprio desequilíbrio, passando a sofrer-lhe os efeitos danosos do mau direcionamento dado.
     O exercício e a aplicação saudável da bioenergia, entretanto, desenvolvem-lhe o campo da ação benéfica, tornando-a valioso recurso curativo de inestimável significação.
      Pode-se direcioná-la mediante a oração, a concentração, a meditação e os sentimentos bons, a benefício do próximo, bem como do próprio, trabalhando-a para auxiliar na recuperação da saúde, da paz, do bem-estar, dos objetivos elevados.
      Não se farão de imediato os resultados, como é compreensível, porém, eles ocorrerão no momento próprio. Sendo o sofrimento uma necessidade para o Espírito devedor, a sua liberação depende de inúmeros requisitos devidamente observados, alguns dos quais já foram analisados.

      Não obstante, o amor de Deus, por misericórdia de acréscimo, faculta ao comprometido oportunidade de experimentar o equilíbrio, a fim de motivá-lo ao labor para a sua aquisição definitiva.
     Assim, diante de sofrimentos advindos, particularmente, de enfermidades, devem-se levar em consideração alguns fatores, a fim de propiciar-se a autocura. Por elasticidade de aplicação, quando necessário, direcioná-los em favor de outros enfermos.


1. OBSERVE-SE O PENSAMENTO,
O SEU TEOR PREFERENCIAL,
A FIM DE QUE IRRADIE ENERGIAS POSITIVAS, SAUDÁVEIS.

      A atitude imediata é desejar-se a saúde com fervor, não porque se queira libertar da doença, pura e simplesmente.
     A liberação de uma enfermidade, se não produz o engajamento do paciente em atividades psíquicas e físicas positivas, faculta a presença de outras doenças.
      O anseio por adquirir a saúde deve estar acompanhado de objetivos edificantes, que podem ser alcançados, e não do interesse imediato pelos prazeres que se deseje fruir, descarregando ondas de energia negativa nos intrincados mecanismos perispirituais responsáveis pela ação posterior.
      Esse ensejo de saúde é firmado na crença e na certeza de que o “Pai não quer a destruição do pecador, mas do pecado”, e quem defrauda a lei deve recompor-se perante ela.
      A firmeza do desejo, sem ansiedade nem tormento, a fim de que se não torne uma imposição, mas sim, uma solicitação, concede tranquilidade ao enfermo, constituindo o primeiro resultado precedente à cura.
      De imediato, deve-se concentrar na saúde, considerar-lhe a validade, a abundância de possibilidades edificantes que propicia, de realizações produtivas, de efeitos benéficos para si e para a coletividade.
      Ao concentrar-se nela, que se entregue de corpo e alma aos resultados que advirão, deixando-se impregnar pelo otimismo com irrestrita confiança em Deus, trabalhando mentalmente pela restauração das forças combalidas em contínuo esforço a favor do bem-estar.
      A irritação, a ansiedade, o inconformismo, o ciúme, a rebeldia devem ser rejeitados, sempre que se insinuem nas paisagens mentais, por serem portadores de raios destruidores que atingem os fulcros celulares e os desarranjam, alterando-lhes o ritmo e a multiplicação.
      As ideias enobrecedoras, os planos de futura ação benéfica são portadores de energia equilibrante, que estimula os complexos campos celulares, propiciando-lhes harmonia a produtividade.
      Nesse esforço, é de bom alvitre visualizar a saúde e incorporá-la.
     O indivíduo deve concentrar-se numa visão saudável, projetando-se no tempo em condições de equilíbrio; ver-se recuperado, assumindo responsabilidades e desenvolvendo atividades que pretende encetar.
      Essa projeção mental reestrutura os mecanismos do perispírito afetado, recompondo-lhe o campo, de que resultam os efeitos em forma de saúde, de harmonia e de entusiasmo.
      Os pacientes, em geral, com as exceções naturais, sempre visualizam o estado de agravamento do mal que os aflige, atirando no organismo projéteis mentais destrutivos.
      Não poucas vezes, Jesus afirmou àqueles doentes que O buscavam: Se quiseres, que queres, concluindo: levanta-te e anda, vê, sê limpo, conforme a enfermidade de que se faziam objeto.
       Naquele momento, o enfermo saía do campo vibratório das sombras, no qual se homiziava, e abria-se à energia vigorosa do Benfeitor Divino, que lhe alterava a área em desordem, restaurando-lhe a saúde.
      Assim, visualizar-se com saúde no futuro e programar-se em ação constituem fatores fundamentais para a autocura.

2. MANTER SINTONIA MENTAL COM A FONTE DO PODER

      Todo amor procede de Deus, a Fonte do Poder. Como consequência, a sintonia mental do paciente com a Causalidade se torna imprescindível para a recuperação da saúde.
      Sendo a enfermidade o resultado da desarmonia vibratória dos órgãos que compõem a maquinaria orgânica, permitindo a proliferação dos elementos destrutivos, todo trabalho de regularização deve partir da energia para o corpo, do Espírito para a matéria.
      Desse modo, a identificação mental do necessitado com a Fonte Geradora da Vida torna-se essencial para o restabelecimento da harmonia.
     Assim, o cultivo das ideias positivas favorece a identificação com as faixas vibratórias mais elevadas, produzindo a sintonia necessária com o Poder Supremo.
      A oração é outro veículo por meio do qual se produz a sintonia mental com Deus. Ela faculta uma análise das necessidades humanas em relação às finalidades essenciais da existência, ao tempo em que propicia o relaxar das tensões, estimulando as forças enfraquecidas e renovando-as, graças ao que se abrem as possibilidades de recuperação da saúde.
      Habituado os pensamentos vulgares, agindo sob os impulsos de depressão ou de violência, o indivíduo intoxica-se de vibrações deletérias, que mais o perturbam e o enfermam.
      A mudança de diretriz mental, a fixação de ideias saudáveis geram uma psicosfera harmoniosa que produz as condições propiciatórias ao bem-estar, em sintonia inicial com a saúde.
     Quem aspira o oxigênio puro mais se desintoxica, ampliando a própria capacidade respiratória.
     De igual modo, a sintonia mental com a Fonte do Poder propicia o restabelecimento de energias saudáveis, que reinstalam no organismo o equilíbrio perdido, restabelecendo a harmonia vibratória que fomenta o predomínio dos agentes de saúde.
      Mesmo diante da aparente demora de recuperação é justo que se processe a sintonia, que somente benefícios emocionais, psíquicos e orgânicos proporciona.
      O ser se deve elevar a Deus, não apenas para pedir e buscar benefícios imediatos, mas, também, para manter-se em harmonia com a própria vida.
     Tal estado de sintonia abre as portas da percepção extrafísica à inspiração, ao equilíbrio e à coragem para enfrentar quaisquer vicissitudes e situações afligentes imprevisíveis ou não.
     Quando alguém se eleva a Deus, ergue com seu gesto toda a humanidade.
      A sintonia com Ele, Fonte do Poder, é causa de felicidade e fator de paz.

3. CUIDAR DO DESCANSO, DA DIETA, DA HIGIENE,
MANTENDO ORDEM NAS ATIVIDADES

      O descanso físico é de alta importância no programa da autocura, todavia, o repouso mental, advindo da harmonia dos pensamentos, torna-se vital, um fator imprescindível para a instalação da saúde.
      Uma mente em repouso não significa em ociosidade, antes, em ação positiva, que gera equilíbrio. Esse, proporciona descanso das excitações, das emoções e sensações perturbadoras, geratrizes de doenças, de sofrimentos.
       As leituras edificantes e otimistas, ricas de esperança, propiciam repouso mental e físico, predispondo o organismo à calma, à harmonia.
       Esse descanso, igualmente, pode ser conseguido por uma alimentação bem balanceada, na qual se evitem os excessos de qualquer natureza, especialmente aqueles de assimilação difícil, muito ricos em calorias e de digestão demorada.
      Alimentação para a vida, respeitando os limites impostos pela enfermidade, ao invés da vida para a alimentação, que complica as funções do organismo alquebrado, que necessita de todas as resistências para vencer o estado de desgaste.
       A higiene também desempenha papel preponderante na reconquista da saúde. Ela faculta mais ampla eliminação de toxinas, ao tempo que proporciona agradável sensação de leveza.
       A higiene física também impõe a de natureza mental, cujo complexo, quando poluído pelas preferências perniciosas, exterioriza a desagregação das engrenagens orgânicas, à semelhança de ferrugem em peças mecânicas que se devem ajustar harmoniosamente.
       Esses fatores põem ordem nas atividades que a doença não interrompe, ou naqueles que, não obstante o problema da saúde, merecem reflexão, programação para posterior execução.
       Quem não se programa sofre as surpresas da improvisação com os danos, porventura, presentes.
      O leito de enfermidade é lugar para acuradas meditações e estabelecimento de metas, que a agitação do cotidiano em outra situação não permite. Ao mesmo tempo, a revisão dos atos e comportamentos torna-se oportuna, buscando descobrir a gênese de alguns dos males ora desencadeados ou os efeitos das ações impensadas que geraram os distúrbios agora sofridos.
       A degenerescência orgânica é fácil e rápida, enquanto que a recuperação é complexa e demorada. Toda construção e reedificação exigem tempo e experiência, não ocorrendo o mesmo com a ação destrutiva.
      A vida saudável, portanto, são os esforços concentrados para a manutenção dos equipamentos da maquinaria corporal, sob equilibrado comando do Espírito.
       Certamente encontramos corpos sadios e de aparência harmoniosa sob a direção de Espíritos frívolos, ignorantes e até perversos. É natural a ocorrência, que passará a um plano lamentável no futuro, em razão do seu mau uso atual, exigindo lenta e sofrida recuperação mediante enfermidades dilaceradoras, dolorosas.
       É a Lei Divina, pois ninguém malbarata o patrimônio da vida sem experimentar as suas funestas consequências.
       Da mesma forma, com frequência, são encontrados corpos mutilados e padecentes, nos quais habitam Espíritos sadios, ditosos. São eles os mestres da abnegação, que acima dos limites orgânicos, sem qualquer angústia, lecionam coragem diante da dor e ressarcem antigos débitos, que ficaram nas páginas do tempo e agora se apresentam para proporcionar a libertação total de quem os adquiriu.
       Em toda a Criação vige a lei da igualdade, graças a qual ninguém frui de felicidade em caráter de exceção. A luta é o clima por onde passam todos os seres na via de evolução.

4. CANALIZAÇÃO DOS PENSAMENTOS E DAS EMOÇÕES
PARA O AMOR, A COMPAIXÃO, A JUSTIÇA, A EQUANIMIDADE E A PAZ

      A preservação do pensamento otimista predispõe a um estado emocional receptivo à saúde. Fácil, pois, se torna canalizá-lo para as expressões nobilitantes do amor, da compaixão, da justiça, da equanimidade e da paz.
      O amor, que é o élan mágico que unirá todas as criaturas um dia, deve ser cultivado na condição de experiência nova, que o exercício converterá em um hábito, em um estado normal do Espírito.
       A sua força restaura a confiança nos homens e na vida, porquanto, a sua presença produz estímulos, facultando que, periodicamente, o sangue receba renovação de cargas de adrenalina, produzindo revigoramento orgânico.
      Pela sua óptica os acontecimentos apresentam angulações antes não percebidas, permitindo que as emoções não se entorpeçam, nem se exaltem, ao mesmo tempo em que predispõe o indivíduo à compaixão, fator humanizador da criatura.
       Quando as forças conjugadas do medo e da ira, da mágoa e da vingança, do ciúme e do ódio começas a perturbar a emoção, o sentimento de compaixão pelo algoz, apresentando-o frágil e vulnerável, evita que o desequilíbrio trabalhe em favor da agressividade por parte da vítima. Essa passa a ver o seu adversário como sendo um doente da alma, que ignora a gravidade do próprio mal, e, ao invés de derrapar na animosidade, envolve-o com ondas de simpatia, de compreensão, não devolvendo o malefício que dele recebeu.
       No quadro das doenças que abalam os homens, encontramos instaladas no perispírito várias matrizes de ódio, de ressentimento, de azedume, em relação a outras pessoas.
       O amor propicia a compaixão que se gostaria de receber, caso a situação fosse oposta, diminuindo a intensidade do golpe recebido e anulando-lhe os efeitos danosos. Ela fala sobre a justiça inexorável de Deus que alcança a todos e propõe a bondade para com o opositor, conscientizando-o, embora indiretamente, de que o mal é sempre pior para quem o pratica.
       A justiça, por sua vez, jaz insculpida na consciência de cada pessoa que pode ser anestesiada por algum tempo, jamais, porém, impossibilitada de manifestar-se.
      O equivocado conhece o seu erro, mesmo quando o disfarça, e assim procede porque lhe sabe a procedência.
      Encobrir uma ferida não impede que ela permaneça decompondo a área, na qual se encontra instalada.
     A justiça na consciência impõe reparação do delito e das suas consequências infelizes, induzindo as vítimas a que não assumam a postura de cobradores, já que as leis soberanas dispõem de recursos que impedem se contraiam novos, quando se corrigem velhos débitos.
      Para culminar seu objetivo, tem ela que ser estruturada na equanimidade, que discerne como aplicá-la, sem o contributo emocional da paixão de qualquer natureza, porém com a finalidade superior de corrigir sem desforço e recuperar sem maus-tratos.
      O sentimento de equanimidade nasce da razão que discerne e da emoção que compreende, fazendo que o recurso e o método de reeducação sejam os mesmos para todos os incursos nos seus códigos, não sendo severa em demasia para uns e generosa em excesso para com outros. A sua linha reta de ação abrange na mesma faixa todos os infratores, prodigalizando-lhes idêntico tratamento.
      A consciência de amor com equanimidade propõe a paz, que tira as tensões e inspira o prosseguimento da ação. Estado íntimo de harmonia, irradia-se em sucessivas ondas de tranquilidade que se exteriorizam, promovendo a absorção e fixação das energias saudáveis no organismo.
      O pensamento canalizado para a paz se torna uma onda que sincroniza com a Fonte do Poder, contribuindo para o entendimento geral e a fraternidade, que é o passo inicial do amor entre as criaturas.
      No processo de autocura, o Espírito recupera as energias gastas, vitaliza, mediante a ação do pensamento, os fulcros perispirituais e predispõe-se ao resgate pelo amor, sem a intenção de negociar benefícios, antes, com a de se tornar um elemento útil no concerto social, membro ativo do progresso geral e não um peso desagradável quão infeliz na economia do grupo humano onde se encontra.
       Coautor da sua recuperação, ele haure na Fonte providencial do amor de Deus as energias sãs, saindo das sombras da enfermidade para as luzes da saúde, disposto a contribuir decisivamente em favor do mundo melhor de hoje e de amanhã, renovado, esclarecido e feliz.

FRANCO, Divaldo P. (pelo espírito Joanna de Angelis) Plenitude. Salvador: Leal, 1991 p. 99-110

segunda-feira, 14 de novembro de 2011


AS BEM-AVENTURANÇAS


5. Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos;

2. e ele passou a ensiná-los, dizendo:

3. Bem-aventurados os humildes de espírito, pois deles é o reino dos céus;

4. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados;

5. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra;

6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos;

7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia;

8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus;

9. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus;

10. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

11. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós;

12. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós.

Mateus, 5:1-12




domingo, 13 de novembro de 2011







EXERCÍCIO TRADICIONAL DE MEDITAÇÃO


 Pare o que estiver fazendo; interrompa o que estiver pensando.
Fique à vontade. Relaxe.
Encontre seu equilíbrio. Se estiver sentado no chão de pernas cruzadas, acomode as pernas de modo a sentir que elas estão onde devem estar. Se você estiver sentado em uma almofada, arrume-a da maneira que preferir. Se estiver sentado em uma cadeira, apoie os pés uniformemente no chão. Se estiver de pé, ajeite o corpo.
Mantenha a coluna ereta e o corpo relaxado. Deixe cair os ombros.
Acomode-se no momento presente.
Deixe sua energia acomodar-se naturalmente; deixe sua respiração acomodar-se naturalmente; deixe que seus pensamentos se acomodem naturalmente.
Recupere o seu controle.
Venha para o momento presente.
Chegue aonde você deve estar.
Sinta-se no momento presente.
Inspire e expire.
Ao inspirar, concentre-se na respiração. Conte um.
Ao expirar, concentre-se na expiração. Conte dois.
Um ao inspirar, dois ao expirar.
Acompanhe o ritmo da respiração.
Deslize sobre a respiração.
Descanse a mente sobre a onda simples, regular e calma da respiração.
Conscientize-se do que está sentindo. Observe as sensações físicas que seu corpo está experimentando. Preste atenção à sensação nos ombros, observe os pensamentos que borbulham e ascendem à superfície da sua mente. Observe-os e simplesmente deixe-os ir embora. Você não precisa nem elaborá-los nem se envolver com eles. Continue a respirar. Focalize a inspiração. Focalize a expiração. E solte-se.
Acomode-se no momento presente. Permaneça consciente das ocorrências efetivamente percebidas de momento a momento: uma leve dor no ombro, o ruido próximo de um avião que acaba de decolar, o farfalhar das folhas das árvores ao vento, o som abafado da televisão do vizinho que passa pela parede, o zumbido de um radiador. Não reprima suas percepções ou sentimentos; observe simplesmente o que está acontecendo e deixe que se dissolva no novo momento que se inicia. Permaneça desperto; continue alerta; preste atenção.
Inspire... Expire. Permaneça concentrado. Solte cada respiração, não fique preso a ela. Solte cada pensamento; não fique preso a ele. Fique atento aos seus pensamentos; observe-os e solte-os. Se sentir dor no ombro, chame a sensação de “desconforto” e libere-a. Se o barulho do avião interromper sua concentração nomeie-o “ouvindo” e solte-o. Se a temperatura na sala esfriar, mencione “frio” e solte-o. Liberte-se de suas preocupações; não se prenda a elas. Liberte-se de qualquer tentativa de controlar a mente; não se atenha a isso. Solte-se um pouco mais cada vez que expirar.

DAS, Surya. O despertar do coração budista. Rio de Janeiro: Rocco, 2002. p103-4.