IX – PROCESSO DE AUTOCURA
A criatura humana possui, inexplorados, valiosos recursos que aguardam a canalização conveniente. Entre eles, a bioenergia é fonte de inexauríveis potencialidades, que o desconhecimento e a negligência direcionam em sentido equivocado, malbaratando inconscientemente forças preciosas.
Insensível à óptica comum, a irradiação bioenergética passa despercebida, exercendo influência no inter-relacionamento pessoal, graças a qual provoca ondas de simpatia como de animosidade, conforme a procedência de um indivíduo moralmente são ou enfermo.
Captada pelo perispírito, nele interfere através do campo que exterioriza, facultando renovar as forças ou perturbá-las de acordo com o tipo de descargas que propicia.
Essa bioenergia é responsável pela atração interpessoal, qual ocorre no campo molecular, celular, gravitacional, universal.
Semelhante à invisível camada energética que envolve a Terra e que somente é registrada por aparelhos especiais, de igual modo ela é somente percebida através da paranormalidade ou de câmeras ultravelozes em filmes também ultrassensíveis.
A sua ação, todavia, é de mais fácil registro na emotividade, nas áreas afetadas por enfermidades, pelas reações psicológicas que provocam nos relacionamentos humanos.
Referindo-se aos fenômenos que produzia, Jesus, o Excelso Curador, foi peremptório, afirmando: “Vocês podem fazer coisas maiores do que estas”, se quiserem.
O querer é de lata importância, porquanto representa não apenas a vontade interesseira, imediatista, porém, todo o empenho, todo o investimento de recursos para adquirir-se o pleno comando dessa força e a sua hábil canalização com objetivos elevados.
É de igual relevância a finalidade da sua aplicação. Todos aqueles que a utilizam na vulgaridade, no divertimento, fazem joguete do próprio desequilíbrio, passando a sofrer-lhe os efeitos danosos do mau direcionamento dado.
O exercício e a aplicação saudável da bioenergia, entretanto, desenvolvem-lhe o campo da ação benéfica, tornando-a valioso recurso curativo de inestimável significação.
Pode-se direcioná-la mediante a oração, a concentração, a meditação e os sentimentos bons, a benefício do próximo, bem como do próprio, trabalhando-a para auxiliar na recuperação da saúde, da paz, do bem-estar, dos objetivos elevados.
Não se farão de imediato os resultados, como é compreensível, porém, eles ocorrerão no momento próprio. Sendo o sofrimento uma necessidade para o Espírito devedor, a sua liberação depende de inúmeros requisitos devidamente observados, alguns dos quais já foram analisados.
Não obstante, o amor de Deus, por misericórdia de acréscimo, faculta ao comprometido oportunidade de experimentar o equilíbrio, a fim de motivá-lo ao labor para a sua aquisição definitiva.
Assim, diante de sofrimentos advindos, particularmente, de enfermidades, devem-se levar em consideração alguns fatores, a fim de propiciar-se a autocura. Por elasticidade de aplicação, quando necessário, direcioná-los em favor de outros enfermos.
1. OBSERVE-SE O PENSAMENTO,
O SEU TEOR PREFERENCIAL,
A FIM DE QUE IRRADIE ENERGIAS POSITIVAS, SAUDÁVEIS.
A atitude imediata é desejar-se a saúde com fervor, não porque se queira libertar da doença, pura e simplesmente.
A liberação de uma enfermidade, se não produz o engajamento do paciente em atividades psíquicas e físicas positivas, faculta a presença de outras doenças.
O anseio por adquirir a saúde deve estar acompanhado de objetivos edificantes, que podem ser alcançados, e não do interesse imediato pelos prazeres que se deseje fruir, descarregando ondas de energia negativa nos intrincados mecanismos perispirituais responsáveis pela ação posterior.
Esse ensejo de saúde é firmado na crença e na certeza de que o “Pai não quer a destruição do pecador, mas do pecado”, e quem defrauda a lei deve recompor-se perante ela.
A firmeza do desejo, sem ansiedade nem tormento, a fim de que se não torne uma imposição, mas sim, uma solicitação, concede tranquilidade ao enfermo, constituindo o primeiro resultado precedente à cura.
De imediato, deve-se concentrar na saúde, considerar-lhe a validade, a abundância de possibilidades edificantes que propicia, de realizações produtivas, de efeitos benéficos para si e para a coletividade.
Ao concentrar-se nela, que se entregue de corpo e alma aos resultados que advirão, deixando-se impregnar pelo otimismo com irrestrita confiança em Deus, trabalhando mentalmente pela restauração das forças combalidas em contínuo esforço a favor do bem-estar.
A irritação, a ansiedade, o inconformismo, o ciúme, a rebeldia devem ser rejeitados, sempre que se insinuem nas paisagens mentais, por serem portadores de raios destruidores que atingem os fulcros celulares e os desarranjam, alterando-lhes o ritmo e a multiplicação.
As ideias enobrecedoras, os planos de futura ação benéfica são portadores de energia equilibrante, que estimula os complexos campos celulares, propiciando-lhes harmonia a produtividade.
Nesse esforço, é de bom alvitre visualizar a saúde e incorporá-la.
O indivíduo deve concentrar-se numa visão saudável, projetando-se no tempo em condições de equilíbrio; ver-se recuperado, assumindo responsabilidades e desenvolvendo atividades que pretende encetar.
Essa projeção mental reestrutura os mecanismos do perispírito afetado, recompondo-lhe o campo, de que resultam os efeitos em forma de saúde, de harmonia e de entusiasmo.
Os pacientes, em geral, com as exceções naturais, sempre visualizam o estado de agravamento do mal que os aflige, atirando no organismo projéteis mentais destrutivos.
Não poucas vezes, Jesus afirmou àqueles doentes que O buscavam: Se quiseres, já que queres, concluindo: levanta-te e anda, vê, sê limpo, conforme a enfermidade de que se faziam objeto.
Naquele momento, o enfermo saía do campo vibratório das sombras, no qual se homiziava, e abria-se à energia vigorosa do Benfeitor Divino, que lhe alterava a área em desordem, restaurando-lhe a saúde.
Assim, visualizar-se com saúde no futuro e programar-se em ação constituem fatores fundamentais para a autocura.
2. MANTER SINTONIA MENTAL COM A FONTE DO PODER
Todo amor procede de Deus, a Fonte do Poder. Como consequência, a sintonia mental do paciente com a Causalidade se torna imprescindível para a recuperação da saúde.
Sendo a enfermidade o resultado da desarmonia vibratória dos órgãos que compõem a maquinaria orgânica, permitindo a proliferação dos elementos destrutivos, todo trabalho de regularização deve partir da energia para o corpo, do Espírito para a matéria.
Desse modo, a identificação mental do necessitado com a Fonte Geradora da Vida torna-se essencial para o restabelecimento da harmonia.
Assim, o cultivo das ideias positivas favorece a identificação com as faixas vibratórias mais elevadas, produzindo a sintonia necessária com o Poder Supremo.
A oração é outro veículo por meio do qual se produz a sintonia mental com Deus. Ela faculta uma análise das necessidades humanas em relação às finalidades essenciais da existência, ao tempo em que propicia o relaxar das tensões, estimulando as forças enfraquecidas e renovando-as, graças ao que se abrem as possibilidades de recuperação da saúde.
Habituado os pensamentos vulgares, agindo sob os impulsos de depressão ou de violência, o indivíduo intoxica-se de vibrações deletérias, que mais o perturbam e o enfermam.
A mudança de diretriz mental, a fixação de ideias saudáveis geram uma psicosfera harmoniosa que produz as condições propiciatórias ao bem-estar, em sintonia inicial com a saúde.
Quem aspira o oxigênio puro mais se desintoxica, ampliando a própria capacidade respiratória.
De igual modo, a sintonia mental com a Fonte do Poder propicia o restabelecimento de energias saudáveis, que reinstalam no organismo o equilíbrio perdido, restabelecendo a harmonia vibratória que fomenta o predomínio dos agentes de saúde.
Mesmo diante da aparente demora de recuperação é justo que se processe a sintonia, que somente benefícios emocionais, psíquicos e orgânicos proporciona.
O ser se deve elevar a Deus, não apenas para pedir e buscar benefícios imediatos, mas, também, para manter-se em harmonia com a própria vida.
Tal estado de sintonia abre as portas da percepção extrafísica à inspiração, ao equilíbrio e à coragem para enfrentar quaisquer vicissitudes e situações afligentes imprevisíveis ou não.
Quando alguém se eleva a Deus, ergue com seu gesto toda a humanidade.
A sintonia com Ele, Fonte do Poder, é causa de felicidade e fator de paz.
3. CUIDAR DO DESCANSO, DA DIETA, DA HIGIENE,
MANTENDO ORDEM NAS ATIVIDADES
O descanso físico é de alta importância no programa da autocura, todavia, o repouso mental, advindo da harmonia dos pensamentos, torna-se vital, um fator imprescindível para a instalação da saúde.
Uma mente em repouso não significa em ociosidade, antes, em ação positiva, que gera equilíbrio. Esse, proporciona descanso das excitações, das emoções e sensações perturbadoras, geratrizes de doenças, de sofrimentos.
As leituras edificantes e otimistas, ricas de esperança, propiciam repouso mental e físico, predispondo o organismo à calma, à harmonia.
Esse descanso, igualmente, pode ser conseguido por uma alimentação bem balanceada, na qual se evitem os excessos de qualquer natureza, especialmente aqueles de assimilação difícil, muito ricos em calorias e de digestão demorada.
Alimentação para a vida, respeitando os limites impostos pela enfermidade, ao invés da vida para a alimentação, que complica as funções do organismo alquebrado, que necessita de todas as resistências para vencer o estado de desgaste.
A higiene também desempenha papel preponderante na reconquista da saúde. Ela faculta mais ampla eliminação de toxinas, ao tempo que proporciona agradável sensação de leveza.
A higiene física também impõe a de natureza mental, cujo complexo, quando poluído pelas preferências perniciosas, exterioriza a desagregação das engrenagens orgânicas, à semelhança de ferrugem em peças mecânicas que se devem ajustar harmoniosamente.
Esses fatores põem ordem nas atividades que a doença não interrompe, ou naqueles que, não obstante o problema da saúde, merecem reflexão, programação para posterior execução.
Quem não se programa sofre as surpresas da improvisação com os danos, porventura, presentes.
O leito de enfermidade é lugar para acuradas meditações e estabelecimento de metas, que a agitação do cotidiano em outra situação não permite. Ao mesmo tempo, a revisão dos atos e comportamentos torna-se oportuna, buscando descobrir a gênese de alguns dos males ora desencadeados ou os efeitos das ações impensadas que geraram os distúrbios agora sofridos.
A degenerescência orgânica é fácil e rápida, enquanto que a recuperação é complexa e demorada. Toda construção e reedificação exigem tempo e experiência, não ocorrendo o mesmo com a ação destrutiva.
A vida saudável, portanto, são os esforços concentrados para a manutenção dos equipamentos da maquinaria corporal, sob equilibrado comando do Espírito.
Certamente encontramos corpos sadios e de aparência harmoniosa sob a direção de Espíritos frívolos, ignorantes e até perversos. É natural a ocorrência, que passará a um plano lamentável no futuro, em razão do seu mau uso atual, exigindo lenta e sofrida recuperação mediante enfermidades dilaceradoras, dolorosas.
É a Lei Divina, pois ninguém malbarata o patrimônio da vida sem experimentar as suas funestas consequências.
Da mesma forma, com frequência, são encontrados corpos mutilados e padecentes, nos quais habitam Espíritos sadios, ditosos. São eles os mestres da abnegação, que acima dos limites orgânicos, sem qualquer angústia, lecionam coragem diante da dor e ressarcem antigos débitos, que ficaram nas páginas do tempo e agora se apresentam para proporcionar a libertação total de quem os adquiriu.
Em toda a Criação vige a lei da igualdade, graças a qual ninguém frui de felicidade em caráter de exceção. A luta é o clima por onde passam todos os seres na via de evolução.
4. CANALIZAÇÃO DOS PENSAMENTOS E DAS EMOÇÕES
PARA O AMOR, A COMPAIXÃO, A JUSTIÇA, A EQUANIMIDADE E A PAZ
A preservação do pensamento otimista predispõe a um estado emocional receptivo à saúde. Fácil, pois, se torna canalizá-lo para as expressões nobilitantes do amor, da compaixão, da justiça, da equanimidade e da paz.
O amor, que é o élan mágico que unirá todas as criaturas um dia, deve ser cultivado na condição de experiência nova, que o exercício converterá em um hábito, em um estado normal do Espírito.
A sua força restaura a confiança nos homens e na vida, porquanto, a sua presença produz estímulos, facultando que, periodicamente, o sangue receba renovação de cargas de adrenalina, produzindo revigoramento orgânico.
Pela sua óptica os acontecimentos apresentam angulações antes não percebidas, permitindo que as emoções não se entorpeçam, nem se exaltem, ao mesmo tempo em que predispõe o indivíduo à compaixão, fator humanizador da criatura.
Quando as forças conjugadas do medo e da ira, da mágoa e da vingança, do ciúme e do ódio começas a perturbar a emoção, o sentimento de compaixão pelo algoz, apresentando-o frágil e vulnerável, evita que o desequilíbrio trabalhe em favor da agressividade por parte da vítima. Essa passa a ver o seu adversário como sendo um doente da alma, que ignora a gravidade do próprio mal, e, ao invés de derrapar na animosidade, envolve-o com ondas de simpatia, de compreensão, não devolvendo o malefício que dele recebeu.
No quadro das doenças que abalam os homens, encontramos instaladas no perispírito várias matrizes de ódio, de ressentimento, de azedume, em relação a outras pessoas.
O amor propicia a compaixão que se gostaria de receber, caso a situação fosse oposta, diminuindo a intensidade do golpe recebido e anulando-lhe os efeitos danosos. Ela fala sobre a justiça inexorável de Deus que alcança a todos e propõe a bondade para com o opositor, conscientizando-o, embora indiretamente, de que o mal é sempre pior para quem o pratica.
A justiça, por sua vez, jaz insculpida na consciência de cada pessoa que pode ser anestesiada por algum tempo, jamais, porém, impossibilitada de manifestar-se.
O equivocado conhece o seu erro, mesmo quando o disfarça, e assim procede porque lhe sabe a procedência.
Encobrir uma ferida não impede que ela permaneça decompondo a área, na qual se encontra instalada.
A justiça na consciência impõe reparação do delito e das suas consequências infelizes, induzindo as vítimas a que não assumam a postura de cobradores, já que as leis soberanas dispõem de recursos que impedem se contraiam novos, quando se corrigem velhos débitos.
Para culminar seu objetivo, tem ela que ser estruturada na equanimidade, que discerne como aplicá-la, sem o contributo emocional da paixão de qualquer natureza, porém com a finalidade superior de corrigir sem desforço e recuperar sem maus-tratos.
O sentimento de equanimidade nasce da razão que discerne e da emoção que compreende, fazendo que o recurso e o método de reeducação sejam os mesmos para todos os incursos nos seus códigos, não sendo severa em demasia para uns e generosa em excesso para com outros. A sua linha reta de ação abrange na mesma faixa todos os infratores, prodigalizando-lhes idêntico tratamento.
A consciência de amor com equanimidade propõe a paz, que tira as tensões e inspira o prosseguimento da ação. Estado íntimo de harmonia, irradia-se em sucessivas ondas de tranquilidade que se exteriorizam, promovendo a absorção e fixação das energias saudáveis no organismo.
O pensamento canalizado para a paz se torna uma onda que sincroniza com a Fonte do Poder, contribuindo para o entendimento geral e a fraternidade, que é o passo inicial do amor entre as criaturas.
No processo de autocura, o Espírito recupera as energias gastas, vitaliza, mediante a ação do pensamento, os fulcros perispirituais e predispõe-se ao resgate pelo amor, sem a intenção de negociar benefícios, antes, com a de se tornar um elemento útil no concerto social, membro ativo do progresso geral e não um peso desagradável quão infeliz na economia do grupo humano onde se encontra.
Coautor da sua recuperação, ele haure na Fonte providencial do amor de Deus as energias sãs, saindo das sombras da enfermidade para as luzes da saúde, disposto a contribuir decisivamente em favor do mundo melhor de hoje e de amanhã, renovado, esclarecido e feliz.
FRANCO, Divaldo P. (pelo espírito Joanna de Angelis) Plenitude. Salvador: Leal, 1991 p. 99-110
Nenhum comentário:
Postar um comentário