sábado, 12 de novembro de 2011


NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE ESTAMOS AQUI

NASCER, VIVER E MORRER,
A VIDA SEGUE MAIS ALÉM,
REPETIDAS VEZES RENASCER
A FIM DE FIXAR O BEM

        Embora o véu do esquecimento nos tolde a lembrança, esta não é a primeira vez em que estamos vivendo na Terra.
        Já estivemos aqui, palmilhando os caminhos poeirentos do mundo, muitas e muitas vezes.
        E isso, como tudo, tem a sua razão de ser: necessitamos acumular experiências e aprendizados, faculdades e aptidões, virtudes e valores novos, desenvolvendo as potencialidades da nossa alma.
        Até pode parecer simplista, mas o objetivo da vida pode ser resumido em uma única palavra, ou melhor, num verbo que indica, obviamente, ação: APRENDER.
        Se reencarnamos sucessivas vezes é, justamente, para aprendermos, alargando progressivamente os círculos da nossa consciência, tanto moral quanto intelectualmente.


        As Entidades Venerandas que colaboraram com Allan Kardec na obra da Codificação Espírita esclarecem que: “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, como fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõem é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só as suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade”i.
        Somos criados, segundo os informes dos Espíritos, simples e ignorantes, sendo, cada um de nós, responsável pelo seu processo de desenvolvimento, através de aprendizagens variadas e constantes, objetivando atingir a perfeição relativa que nos é necessária e indispensável. Este desenvolvimento, entretanto, só é possível mediante a sucessão das existências, já que uma única vida sobre a Terra, por melhor que fosse o seu aproveitamento, não seria suficiente para completar o nosso ciclo evolutivo, que nos impõe uma ascensão contínua e quase sempre muito demorada.
         Essa doutrina da reencarnação tem sido ensinada em todos os tempos, deste a mais Alta Antiguidade até o presente, constituindo eixo ecentral de muitas religiões e filosofias.
        Jesus ensinou, no célebre diálogo com Nicodemos, que “[...] quem não nascer de novo, não poderá ver o Reino de Deus”ii, confirmando a reencarnação, que, como se depreende, passaria a ser um dos pontos fundamentais do Cristianismo Primitivo, ainda que alguns, por interesses particulares, o neguem. Ante a incompreensão do Doutor da Lei, Jesus obtempera: “Nicodemos! És mestre em Israel e ignoras estas coisas! Em verdade, em verdade te digo, dizemos o que sabemos, e damos testemunho do que vimos, mas não recebeis o nosso testemunho. Se vos tenho falado das coisas terrenas e não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?”iii Jesus se surpreende e lastima a ignorância de Nicodemos com respeito à reencarnação, justo ele que era um dos homens mais esclarecidos e conhecedores do Judaísmo. Sendo um Doutor da Lei, Nicodemos deveria, por conseguinte, estar informado sobre uma das correntes esotéricas mais importantes do Judaísmo, a Caabala, que, sobretudo na obra de Zohar, toma como fundamento dos seus ensinos o princípio da reencarnação. Daí o estranhamento de Jesus ante o desconhecimento de Nicodemos.
        A reencarnação, como não poderia deixar de ser, é consequência direta do fato de sermos imortais. Deus, quando da nossa criação, projetou-nos de tal modo que trazemos conosco um programa que nos impede de estacionar definitivamente numa determinada posição ou condição, dirigindo-nos, através de leis inderrogáveis, a um crescimento ritmado e sempre progressivo, que se acelera na razão direta das conquistas que vamos fazendo de encarnação a encarnação. Assim, desde a sua origem o Espírito obedece a leis que impulsionam o seu processo de desenvolvimento, conduzindo-o à plenificação de todas as suas potencialidades, a fim de que sua destinação se cumpra. Considerando isso, a reencarnação constitui condição obrigatória ao ser imortal, sendo-lhe indispensável ao processo de maturação e evolução incessantes, representando, deste modo, o caminho através do qual chegaremos até Deus.
        Os Espíritos, como vimos acime, afirmam que as vidas sucessivas trazem o ensejo da renovação, permitindo ao indivíduo que se comprometeu com o erro, aniquilando as mais santas oportunidades de elevação, possa refazer os seus caminhos, rearmonizando-se com a vida e com as Divinas Leis.
        Da mesma forma como o escolar às vezes precisa repetir determinada lição, a maioria de nós encontra-se reencarnada para recapitular experiências malogradas.
        Os desafios de hoje, em grande parte, são os mesmos de ontem e é, por isso mesmo, mister vencê-los!
        Tristeza, melancolia, amargura, apenas para citar alguns exemplos, podem ser congênitos, isto é, podem ter nascido conosco, por fazerem parte da bagagem do nosso ser, representando um padrão negativo que persiste em nós e do qual precisamos nos libertar.
        Habilidades, talentos, qualidades, tendências de qualquer tipo, boas ou más, igualmente, resultam de experiências de nossas vidas pregressas.
        Importa que combatamos em nós tudo o que nos seja prejudicial, o “bom combate”iv de que falava o Apóstolo Paulo, promovendo, em contrapartida, a vazão e o desdobramento dos potenciais que possuímos, gérmens de Deus à espera de maturação.
        A reencarnação, portanto, é bênção de Deus para todos nós, oportunizando-nos, em cada passagem pela Terra, nova etapa de aprendizado.
        Aproveitar a reencarnação, do ponto de vista espiritual, é medida que denota sabedoria interior, por estarmos, dessa forma, alinhando a nossa vontade com a Vontade Divina, que deseja apenas o nosso crescimento e felicidade.
        Maximizamos o tempo de que disponhamos na Terra, aplicando-o, como denodo e diligência, na conquista de valores elevados e nobres que garantam o sucesso do nosso empreendimento espiritual mais caro, que é a vitória na atual existência terrena.
STEIGLEDER, Carlos G. Ensinamentos para uma vida melhor. Sapiranga: Ed do Autor, 2010. p 35-40.
iKARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1995. Questão 115, p. 95.
iiJoão, 3:3
iiiJoão, 3:10-2
ivII Timóteo, 4:7

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