terça-feira, 8 de novembro de 2011


POLUIÇÃO E PSICOSFERA

        Ecólogos de todo o mundo preocupam-se, na atualidade, com a poluição devastadora, que resulta em detritos superlativos que são atirados nos oceanos, nos rios, lagos e “terras inúteis” circunjacentes às grandes metrópoles, como o tributo pago pelo conforto e pelas conquistas tecnológicas, desde os urgentes ingredientes e artefatos para a sobrevivência, às indústrias bélicas, às de explorações novas, às “de inutilidade” que atiram centenas de milhões de toneladas de lixo, óleos e resíduos em todo lugar.

        Além dessas, convém recordarmos a de natureza sonora, dos centros urbanos, produzindo distonias graves e contínuas...

        Os mais pessimistas, porém, preveem a possível destruição da vida vegetal, animal e hominal como efeito dos excessivos restos produzidos pelos engenhos de que o homem se utiliza, e logo o esmagarão após transformar a Terra num caos...

        Mais grave, demonstram os técnicos no assunto importante, é a poluição atmosférica, graças às substâncias venenosas que são expelidas pelas fábricas em forma de resíduos, pelos motores de explosão a se multiplicarem fantástica, insaciavelmente, e os inseticidas usados para a agricultura...

        Voluptuosas e desconsertadas por desvarios múltiplos do homem, as máquinas avançam, dirigidas pela inconcebível ganância, desbastando reservas florestais e influindo climatericamente com transformações penosas nas regiões, então, vencidas...

       O espectro de calamidades não imaginadas ronda e domina com segurança muitos departamentos ambientais ora reduzidos à aridez...

       Cifras assustadoras denotam o quanto se desperdiça na inutilidade – embora a elevada estatística chocante dos que se estorcegam na mais ínfima miséria, rebolcando-se na coleta dos montes de lixo, à cata de destroços de que possam retirar o mínimo para sobreviver! - comprovando que no galvanizar das paixões, o homem moderno, à semelhança de Narciso, continua a contemplar a imagem refletida nas águas perigosas da vaidade e do egoísmo em que logo poderá asfixiar-se, inerme ou desesperado. No entanto, irrefletido, impõe-se exigências dispensáveis, a que se escraviza, complicando a própria e a situação dos demais usuários dos recursos da generosa mãe-Terra.

        Nesse panorama deprimente, e para sanar alguns dos males imediatos e outros do futuro, sugestões e programas hão surgido preocupando as autoridades responsáveis pelos Organismos Mundiais, no sentido de serem tomadas providências coletivas e salvadoras urgentes. Algumas já estão sendo postas em prática, embora em número reduzido, tais o reflorestamento; a ausência de tráfego com motores de explosão em algumas cidades uma vez por semana; a tentativa de industrialização do lixo, com aproveitamento de energia, adubos e outros; controle no uso de pesticidas na lavoura; técnicas não poluentes com o fim de gerar energia; as áreas verdes nas cidades; a segurança por meio de controle das experiências nucleares, a fim de ser evitada a contaminação...

        Afirma-se que por onde o homem e a civilização passam ficam os sinais danosos de sua jornada, em forma de aridez, destruição e morte.

        As grandes Nações, materialmente estruturadas e guindadas ao ápice pela previsão futurológica de mentes e computadores que prometiam tudo resolver, fazendo soberbas e vãs as criaturas, foram surpreendidas, há pouco, pelas consequências gerais da própria impetuosidade, no resultado da guerra do Oriente Médio, fazendo-as parar e modificando, em muitas delas, as estruturas e programas, previsões e soberania pelas exigências do deus petróleo em que se estabeleceram as bases do seu poderio e das suas glórias decepcionadas, atônitas...

        Algumas tiveram a economia abalada, padecendo crises que resultaram do gravame geral, modificando política interna e externa, num atestado de nulidade quanto aos compromissos humanos assumidos, à segurança e precariedade das humanas forças.

        Como resultado, apressam-se as negociações internacionais por acordos diplomáticos e conchavos político-econômicos, enquanto a fome, campeando desassombradamente, confirma a falência dos cálculos e das fantasias materialistas, visivelmente perturbadas no testemunho dos seus líderes em convulsas transações com que tentam reequilibrar o poderio avassalado, quando não, perdido...

        O poder de um dia, qual efêmera glória, sempre muda de mão e local, fazendo oscilarem, mudarem de rumo os interesses, as supostas proteções, fruto, indubitavelmente, de uma poluição descuidada – a de natureza moral!

        A força e a grandeza de alguns povos até há pouco mandatários da Terra cederam lugar aos potentados reais, que se demoravam desconsiderados e as exigências da fome ameaçadora e voraz os situou como as legítimas potências que são disputadas, após o deus negro: o arroz, o trigo, o milho e o sorgo, cujos celeiros, quase vazios no mundo, deles necessitam com urgência para a sobrevivência dos seres.

        Todavia, o homem ingere e disparte mais terrível poluição, venenosa quão irrefreável graças ao cultivo de lamentáveis atitudes em que persevera e se compraz: referimo-nos à poluição mental que interfere na ecologia psicosférica da vida inteligente, intoxicando de dentro para fora e desarticulando de fora para dentro.

        Estando a Terra vitimada pelo entrechoque de vibrações, ondas e mentes em desalinho, como decorrência do desamor, das ambições desenfreadas, dos ódios sistemáticos, as funestas consequências se fazem presentes não apenas nas guerras externas e destrutivas, mas também nas rudes batalhas no lar, na família, no trabalho, nas ruas da comunidade, no comportamento. Intoxicado pelas ira, vencido pelo desespero que agasalha, foge na direção dos prazeres selvagens nos quais procura relaxar tensões, adquirindo mais altas cargas de desequilíbrio em que se debate.

        A poluição mental campeia livre, favorecendo o desbordar daquela de natureza moral, fator primacial para as outras que são visíveis e assustadoras.
  
        O programa, no entanto, para o saneamento de tão perigoso estado de coisas, já foi proposto por Jesus, o Sublime Ecólogo que em a Natureza, preservando-a, abençoando-a, dela se utilizou, apresentando os métodos e técnicas da felicidade, da sobrevivência ditosa nos incomparáveis discursos e realizações de que inundou a História, estabelecendo as bases para o reino de amor e harmonia, sem fim, sem dores, sem apreensões...

        Nunca reagiu o Mestre – sempre agiu com sabedoria.

        Jamais se permitiu ferir – deixou-se, porém, crucificar.

        Nenhuma agressão de sua parte – facultou-se, no entanto, ser agredido.

        Por onde passou, deixou concessões de esperança, bálsamo de reconforto, amenidade e paz. Seus caminhos ficaram floridos pelas alegrias e abençoados pelos frutos da saúde renovada.

        Rei Solar, fez-se servo humilde de todos, mantendo-se inatingido, embora o ambiente em que veio construir a Vida Nova para os tempos futuros...

        Repassa-Lhe a sublime trajetória.
Busca-O!

        Faze uma pausa na terrível conjuntura em que te encontras e recorda-O.

        Para toda enfermidade, Ele tem a eficiente terapia; para as calamidades destes dias, Ele tem a solução.

         Ama e serve, portanto, como possas, quanto possas, quando possas.

        A Terra sairá do caos que a absorve e voltarão o ar puro, a água cristalina, a relva repousante, o trinar dos pássaros, o fulgor do sol e o faiscar das estrelas em nome do Pai Criador e de Jesus, o Salvador Perene de todos nós.

ANGELIS, Joana de. (Divaldo Franco). Após a tempestade. Salvador, Leal, 1974. p 21-25

Um comentário:

Anônimo disse...

Belíssimo texto! Um retrato de nossa época...Prá levar e pensar em casa com muita calma, reler e pensar outra vez. Muito bom mesmo, parabéns por vc estar disponibilizando algo tão edificante. Abraços. sda