quinta-feira, 3 de novembro de 2011


[...]Para que uma crença se torne universal, é preciso que ela se fundamente sobre uma imensa acumulação de fatos, que visem a fortificá-la de uma geração a outra. À testa de tais crenças está a Magia, ou, se preferir – a Psicologia oculta. Quem, dentre aqueles que apreciam os seus tremendos poderes a partir de seus frágeis e semiparalizados efeitos em nossos países civilizados, ousaria negar em nossos dias as afirmações de Porfírio e Proclo, de que mesmo os objetos inanimados, tais como estátuas de deuses, poderiam ser postos em movimento e exibir uma vida artificial por alguns poucos instantes? Quem pode negar essa afirmação? Aqueles que testemunham diariamente sobre as próprias assinaturas que viram mesas e cadeiras moverem-se e caminhar, e lápis escreverem, sem contato? Diógenes Laécio fala-nos de certo filósofo, Stilpo, que foi exilado de Atenas pelo Aerópago, por ter negado publicamente que a Minerva de Fídias era algo mais do que um bloco de mármore. Mas no nosso século, depois de ter imitado os antigos em tudo o que era possível, mesmo em suas denominações, tais como “senado”, “prefeito”, e “cônsul” etc.; e depois de admitir que Napoleão, o Grande, conquistou três quartos da Europa aplicando os princípios de guerra ensinados por César e Alexandre, nosso século julga-se tão superior aos seus preceptores no que concerne à Psicologia que é capaz de enviar ao manicômio todos os que acreditam nas “mesas girantes”.

Seja qual ela for, a religião dos antigos é a religião do futuro. Mais alguns séculos, e não haverá mais crenças sectárias em nenhuma das grandes religiões da humanidade. Bramanismo e Budismo, Cristianismo e Maometismo desaparecerão diante do poderoso afluxo dos fatos. “Derramarei meu espírito sobre toda a carne”, escreve o profeto Joel. “Em verdade vos digo (…) fareis obras maiores do que estas”, promete Jesus. Mas isso só ocorrerá quando o mundo retornar à grande religião do passado; ao conhecimento dos majestosos sistemas que precederam, em muito, o Bramanismo, e mesmo o monoteísmo primitivo dos antigos caldeus. Até então, devemos nos lembrar dos efeitos diretos do mistério revelado. Os únicos meios com a ajuda dos quais os sábios sacerdotes da Antiguidade podiam inculcar nos grosseiros sentidos das massas a ideia da Onipotência da vontade Criadora ou da CAUSA PRIMEIRA; a saber, a animação divina da matéria inerte, a alma nela fundida pela vontade potencial do homem, a imagem microcósmica do grande Arquiteto, e o transporte de objetos pesados através do espaço e dos obstáculos materiais.

BLAVATSKY, H P. Ísis sem véu. São Paulo, Pensamento, 1995. vol. II p 281


 

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