CHICO XAVIER - O HOMEM INTEGRAL
Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec
faz a seguinte interrogação: “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem
oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo?” Os Benfeitores Espirituais respondem da
seguinte forma: “Jesus”. Esta é a resposta mais curta de todo o livro, no
entanto, talvez seja uma das mais significativas.
Inspirada nessa questão, Joanna de Ângelis elaborou o
conceito de Homem Integral, referindo-se ao indivíduo amadurecido
espiritualmente, isto é, o que já conduziu as suas potencialidades a um estado de
plenitude, de completo desenvolvimento (possível
nesse planeta ou em nossa faixa evolutiva). Nesse sentido, o melhor
paradigma é, sem sombra de dúvidas,
Jesus.
Para Joanna de Ângelis e para os demais Espíritos Superiores, cada um de
nós pode e deve se esforçar para atingir a condição de plenitude simbolizada
por Jesus, respeitando, evidentemente, os limites pessoais, que assinalam na
individualidade o momento evolutivo em que a mesma se encontra. A proposta não
é tornar-se Jesus, é adotá-lo como parâmetro para nossa existência,
considerando os seus ensinos e exemplos.
Ao longo do século XX, que foi um dos mais conturbados da
História, um grande número de pessoas demonstrou a viabilidade de se viver de
acordo com o ideal evangélico, caracterizado pelo amor, pela doação, pela
entrega de si mesmo ao outro, pelo desprendimento... Uma dessas pessoas,
inegavelmente, foi Chico Xavier.
Suportando a pobreza, a orfandade, os maus-tratos em sua infância, os
ataques e acusações indébitas, os
sofrimentos ao longo de toda a vida, Chico Xavier demonstrou que, mesmo nas
circunstâncias mais adversas, é possível apresentar um comportamento superior,
identificado com a psicologia presente no Evangelho. Soube perdoar, servir e
amar de forma surpreendente...
O maior fenômeno em Chico Xavier não foi a sua mediunidade,
mas a capacidade que teve de materializar em sua vida as diretrizes centrais do
Evangelho.
Num mundo tomado pelo ódio, como conceber um homem que tenha
sido capaz de amar tanto como ele amou?!
Num mundo dividido pela guerra, como explicar um homem que
abraçou a bandeira da paz, vivendo-a no seu dia-a-dia, nas relações com os
demais?!
Num mundo esmagado pelo egoísmo, como entender um homem que
abriu mão de si mesmo para doar-se por completo aos seus semelhantes?!
Num mundo onde predomina a maldade, como decifrar um homem
que manteve a fidelidade ao bem?!
Num mundo em que imperam as paixões mais diversas, como
compreender um homem indene a qualquer viciação, ostentando as mais nobres
virtudes?!
Eis o grande fenômeno de Chico Xavier....
As faculdades psíquicas e mediúnicas de Chico Xavier, sem
contradita, foram notáveis pelo número e grau em que se manifestaram. Todavia,
elas acabam obscurecendo o seu exemplo evangélico, o tipo de homem que ele foi,
que é o que deveria chamar a atenção de todos nós.
Assim como muitos procuram no Espiritismo apenas os
fenômenos, muitos veem em Chico
Xavier apenas o médium, não considerando a mensagem profunda que a sua vida
encerra.
Este ano (2010), ao se comemorar o primeiro centenário do seu
nascimento, todos estão conhecendo o fenômeno Chico Xavier, o homem que via e
falava com os mortos, ignorando, porém, o homem por trás do fenômeno.
Em Chico Xavier, como em outras pessoas da atualidade, cabe
perfeitamente o conceito proposto por Joanna de Ângelis, o Homem Integral, pois
ao desenvolver os seus valores íntimos, colocou-os a serviço dos semelhantes, tornando-se um
protótipo do homem de amanhã.
Que um dia, lá
no distante futuro, possamos ser ao menos um pouquinho parecidos com o que
Chico Xavier foi...
STEIGLEDER, CARLOS G. Falando sobre Espiritismo, Sapiranga, Ed. A., 2010. p 67-72.
Um comentário:
Obrigada Chico Xavier! Muito bom texto!Sempre bom ler aqui. sda
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