sexta-feira, 20 de abril de 2012

DEBATES TRANSMENTAIS


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          A minha lucidez surgiu numa instituição extrafísica com vários candidatos à seriexis próxima que receberão a tarefa específica da divulgação, através da própria vida, dos princípios e leis cosmoéticas.

          Houve exposição dos assuntos e debates com pequeno grupo de cerca de 15 consciexes, cujas últimas seriéxis foram, aparentemente, de procedências geográficas diferentes e de naturezas diversas de ocupações.

          Estava patente minha condição como aluno ouvinte eventual, espectador marginal ou aprendiz, sem participação direta nos trabalhos, apenas colhendo dados para a imediata fixação nestes registros de desprendimentos. Embora a tarefa imensa e complexa da exposição dos assuntos, tentarei trazer aqui alguns aspectos colhidos nas observações.

          Não percebi a presença de nenhum expositor graduado, mas uma reunião de grupo de estudos que busca acertar pontos de vista visando à futura transmissão dos postulados libertadores do ego na próxima proéxis (programação existencial) entre os homens. O debate principal girava dobre a ortodoxia nos postulados conscienciais vigentes nas frentes avançadas de divulgação do pensamento humano entre as conscins e a criação de preconceitos, fanatismos e sectarismos.

          Havia dois grupos distintos. Em cada um, o líder e dois outros debatedores que se destacavam nos apartes relampagueantes. A minha chegada, a meio caminho dos debates, impossibilitou-me de captar as minúcias do início do desenvolvimento dos assuntos, bem como não tive oportunidade de presenciar as conclusões definitivas da equipe de estudos, se é que aconteceram. Quanto à ortodoxia, notava-se, sem dúvida, uma equipe com pensamentos mais rigorosos e radicais; a outra corrente, menos extremista, com opiniões mais liberais. A minha simpatia por esses últimos não passou despercebida ao Amparador presente ao lado, porque ao usar a mente livre, o pensamento torna-se fácil de ser auscultado pelas consciências lúcidas.
Vieram referências, conforme a corrente, às atuais seitas de origem oriental; ao pensamento filosófico da Teosofia; aos estudos umbandistas e a outras seitas mediunísticas, inclusive o vodu; as organizações semi-secretas; às bases kardecistas atuais; aos trabalhos ideológico-assistenciais associados ao Evangelho de Cristo de várias religiões e crenças, às assertivas de Buda, Maomé, à obra de Swedenborg, e análises rápidas tocantes à democracia e a Gandhi.
Ante os temas em discussão, a minha sensação era de alguém cujos postulados íntimos estavam sendo postos em julgamento à frente, sem poder intervir, e assim ocorreria com qualquer criatura que ali detivesse princípios definidos sobre a vida extrafísica.

          Ocorreu certa concordância quanto ao fato de que a divulgação excessivamente romântica do Evangelho, embora sendo a melhor, não constitui ainda o posicionamento ideal na difusão atual das ideias da consciência em evolução, porque a repetição torna-se enfadonha e não ressoa tão forte nas conscins que já surgem, no intrafísico, envolvidas nas ondas eletrônicas gravitantes da era tecnitrônica pela qual atravessa o planeta. O abuso do tecnicismo num extremo e o rigor da mensagem açucarada do outro, exigem um meio termo conciliador para não extrapolar os limites da realidade humana e, ao mesmo tempo, motivar melhor, sem forjar condicionamentos, preconceitos menos desejáveis e extremismos lastimáveis que têm provocado muitos desastres recentes.

             A minha memória indicou o abuso do misticismo disfarçado ou semi-instintivo, a frieza das intenções, a busca do enriquecimento ilícito transitório, a aquisição do poder temporário forjando a violência, o terror, os sacrifícios dispensáveis, os rituais obstrusos e a passividade dos incautos caminhando para o messianismo negativo de lideranças patológicas de falsos religiosos que, movidos por interesses pessoais, incentivam o fanatismo; contrariam a ordem pública; esquecendo a evolução da consciência e o progresso social, no envolvimento de criaturas humanas frágeis, inseguros e instáveis nos erros clamorosos de grupos, iguais ao sucedido no massacre da Guiana Inglesa. Quanto “meio termo conciliador”, vieram-me à lembrança os estudos dos princípios filosóficos e morais de Allan Kardec, devidamente acompanhados pela parte científica, embora começante, salientando que entre a ortodoxia e o universalismo, opto por este. O universalismo é centrista, moderado ao passo que a ortodoxia, radical, torna-se segregacionista. Constitui rematada tolice para quem obteve o doutorado, menosprezar que se forma regularmente pela mesma escola.

          Nesse ponto de andamento dos debates, chegara a hora da saída e senti a tração do cabo do “escafandro do soma” para voltar à superfície da matéria densa.”
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Waldo Vieira, Projeções da Consciência, p 38-9


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